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Coluna do PVC

O doce veneno do Arsenal de Arsene Wenger, de 2004 à ressurreição do Monaco

PVC

26/02/2015 17h41

Arsene Wenger era o técnico do Arsenal já na Liga dos Campeões de 2004, ano em que caiu nas quartas-de-final contra o Chelsea de Claudio Ranieri e o Monaco, de Didier Deschamps, eliminou o Real Madrid. Perdeu em Madri por 4 x 2, venceu por 3 x 1 em Monte Carlo e avançou às semifinais. Depois, à decisão perdida para o Porto.

Arsene Wenger era um técnico vencedor. Campeão francês pelo Monaco em 1988, quase se tornou técnico da seleção da França na vaga que seria do campeão mundial Aimé Jacquet, preferiu o Japão, voltou para dirigir o Arsenal. "Arsene Who?", perguntou a imprensa britânica em sua chegada. Rapidamente sabiam de quem se tratava. Técnico muito bom, responsável pela descoberta de Gheorge Weah, na Libéria, contratou-o para o Monaco, foi às semifinais da Liga dos Campeões pelo clube francês, antes de se transferir para o Monaco.

Professor, sim. Líder, não

Professor, sim. Líder, não

Arsene era um descobridor de talentos e criador de times extremamente criativos, fosse nos contra-ataques rápidos ou na beleza do toque de bola.

Na quarta-feira, o colunista tático do futebol britânico Jonathan Wilson tratou das falhas da equipe, suicida depois de sofrer o primeiro gol do Monaco, com triângulo rígido e sem mobilidade no ataque depois de sofrer os dois primeiros gols.

Tudo do que Wilson trata é verdade. Mas a questão não é tática. Há anos o Arsenal vai bem até fevereiro e despenca em março, abril, maio e junho. Há cinco temporadas, cai nas oitavas-de-final da Liga dos Campeões, mas nunca correu o risco tão claro de ficar fora dela. A questão não é tática, apesar dos acertos de Jonathan Wilson. É de liderança.

Wenger tem sido o professor, como diz o título do livro que conta sua história. Não o líder, que procura o jogador necessário para ser campeão. O Arsenal é um time famoso por derrotas históricas, do Swindon na final da Copa da Liga de 1969 até o Birmingham na decisão da Copa da Liga de 2011. Não pode ser destino. Alex Ferguson acabou com a sina de 26 anos de fila do Manchester United, Roberto Mancini terminou com a seca de 44 anos do Manchester City, Wenger é o técnico mais vencedor da história do Arsenal, o único campeão inglês três vezes (1998, 2002 e 2004). Nem Herbert Chapman conseguiu.

Mas nem o técnico escocês famoso pela primeira formação tática da história, o WM, conseguiu — Chapman foi campeão em 1931 e 1933.

Chapman também não conseguiu fazer o Arsenal parecer tão previsivelmente derrotado antes de brigar pelos principais títulos como aconteceu nas últimas cinco temporadas.

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.