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Coluna do PVC

Campeão no San Lorenzo e rival do Corinthians, Silas viu Papa e não lembra

PVC

02/03/2015 12h49

 

 

O San Lorenzo convidou o meia Silas, camisa 10 da seleção de Lazaroni na Copa de 90, para acompanhar a delegação do clube no Mundial de Clubes. Silas é ídolo lá. Há vinte anos, era o craque – e também número 10 – da equipe que tirou o San Lorenzo de uma fila de 21 anos.

Para ver Silas campeão no Torneio Clausura de 1995, este colunista foi enviado pela revista Placar à Argentina. A primeira vez em Buenos Aires, ninguém esquece. Nem eu nem ele, por incrível que pareça. Silas sofreu o pênalti convertido por Netto na vitória por 1 x 0 sobre o Lanús (veja o vídeo). Como o Gimnasia não perdeu naquele dia em que Silas e eu estávamos no Nuevo Gasômetro, o título foi adiado por uma semana e conquistado contra o Rosário Central.

Pelas lembranças dele, tomei a liberdade de deixar alguns detalhes da viagem. Talvez você se divirta.

Hoje técnico do Ceará, Silas lamenta o calendário ("Já estamos no jogo de número 26 neste ano!" Por telefone, Silas lembrou daquele tempo, do carinho por San Lorenzo e São Paulo e falou do jogo entre sua ex-equipe e seu ex-rival, o Corinthians.

 

PVC – Como o San Lorenzo entrou na sua vida?

SILAS – Fiz meu último jogo pela Seleção em Buenos Aires. Um empate por 1 x 1 contra a Argentina, gol do Mancuso para eles e do Luís Henrique para nós. Naquela viagem, um amigo meu, Johnny Monteiro, disse que seria bom se eu jogasse na Argentina. Mas eu não queria, nem pensava. Só que ele era amigo do presidente do clube e sugeriu. Pouco depois, o Juan Figer veio me dizer que o San Lorenzo estava interessado. O Juan era muito bom nisso. Sabia qual era o clube, o que estava acontecendo e falou que seria bom. Eu fui.

 

PVC – Naquela época, o que você sabia sobre o San Lorenzo?

SILAS – Ih… Pouco e nada! Não tinha noção. O Juan me falou: "O clube é bom, é um time grande, tem um projeto bom." Mas eu não sabia nada antes.

 

PVC – Eu estava no jogo contra o Lanús…

SILAS – Eu lembro. Lembro que tinha um rapaz da sua equipe que reclamou ter sido roubado pelo taxista. Era pertinho do centro e o cara deu uma volta grande para chegar.

 

PVC – Era o fotógrafo, Pisco Del Gaiso. O taxista sacaneava ele por causa do sotaque espanhol e porque ele entrou no táxi e diss: "Vamos correr (coger em espanhol) a La cancha de San Lorenzo." O taxista falou: "Em Buenos Aires, correr significa f…)

SILAS – Taxista lá é brabo. Fomos campeões na semana seguinte contra o Rosário Central.

 

PVC – Você chegou a conviver com o Papa, torcedor do San Lorenzo naquela época?

SILAS – O Johnny Monteiro me disse que naquela época o Papa foi ao clube e rezou uma missa. O Padre Bergoglio. Disse que tinha muita gente. Só que eu não me lembro.

 

PVC – Quando jogarem São Paulo e San Lorenzo seu coração vai ficar dividido?

SILAS – Ah, não… São dois clubes que estão na minha vida. Lá em Buenos Aires, até hoje as pessoas falam comigo nas ruas, lembram daquele tempo. Foi muito forte.

 

PVC – Então você torce pelo San Lorenzo?

SILAS – Não. O São Paulo também é muito forte na minha formação. Eu cresci lá dentro e depois joguei muito tempo. Olha, eu vou trabalhar no São Paulo. Não sei como vai ser, mas eu já já vou estourar lá. Pode acreditar.

E no San Lorenzo também tenho vontade de trabalhar. Acho que um dia isso vai acontecer. Ano passado mesmo, o presidente me convidou para ir ao Marrocos com eles. Acabou não dando certo, porque eu estava no curso de formação da CBF, em Teresópolis. Mas o convite existiu. Eles gostam de mim e me respeitam.

 

PVC – O San Lorenzo vai enfrentar o Corinthians quarta-feira. Me surpreendeu o fato de você só ter feito um gol contra o Corinthians, no 3 x 3 de 1987.

SILAS – Foi no Valdir Peres, goleiro do Corinthians na época. O Muller fez a jogada eu entrei na área, cortei para o lado esquerdo e chutei. (veja o gol)

PVC – Como era enfrentar o Corinthians naquele tempo?

SILAS – Ah, os clássicos eram muito bons. Mas o nosso time era ótimo e era muito difícil a gente perder para eles. Não perdia. Fomos campeões paulistas de 1987 na final contra eles. Enfrentei o Valdir Peres, um pouquinho o Leão (na verdade, Leão jogou no Corinthians em 1983, quando Silas não era profissional).

 

PVC – Você castigava mais o Palmeiras, como nos 5 x 1 de 1986 em que você fez dois gols.

SILAS – Eu brinco com o Denys até hoje, por causa de uma bola na bandeirinha de escanteio. Pergunto se ele ainda está preso lá na bandeirinha do Pacaembu.

 

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.