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Coluna do PVC

Por que o Corinthians sofreu, o São Paulo sobrou e o Flu venceu no Maracanã

PVC

11/04/2015 20h19

Guto Ferreira montou a Ponte Preta com inteligência rara. Não tinha centroavante. Rildo e Biro-Biro jogavam abertos pelos lados do campo e marcavam a saída de bola pelas laterais. Se você observar a estatística dos jogos do Corinthians verá que nos melhores deles os laterais são os melhores passadores. A saída de bola se dá quase sempre com Fágner e Uendel — ou Fábio Santos.

Mais atrás, Josimar fazia o papel de primeiro volante, Fernando Bob subia para marcar Elias e Renato Augusto era perseguido por Bruno Silva. No meio-de-campo, o CORINTHIANS também sofria. E Renato Cajá, flutuando ora à frente ora pelos lados de Ralf, organizava o time inteiro. Foi essa a razão do primeiro gol ter sido marcado pela Ponte, brilhante no primeiro tempo — gol mal anulado.

Apesar de bem marcado, Renato Augusto buscava o jogo. E Vágner Love sofria para fazer o pivô igual a Guerrero, mas foi dele a perfeita saída da área para deixar Renato Augusto frente a frente com o bom goleiro Matheus.

O Corinthians segue forte e invicto e pode ganhar o campeonato sem derrotas, o que aconteceu pela última vez em 2009. Mas a partida contra a Ponte é um bom exemplo de como os campeonatos só acabam no último jogo. Ninguém vence na véspera pelo que mostrou nas partidas anteriores.

SÃO PAULO mudou taticamente para melhor. Mílton Cruz escalou Wesley variando, ora na ponta direita, ora invertendo a função com Ganso, às vezes se comportando como terceiro volante, na maioria das vezes como terceiro meia. Não que Wesley tenha sido decisivo, mas como coadjuvante ele liberou Ganso para se movimentar por todos os lados do campo. Mesmo assim, o Red Bull fez um bom primeiro tempo, incomodou num bom cruzamento de Éverton Silva, numa jogada de Edmílson. Até Rogério Ceni preparar-se para a cobrança de falta que resultou em seu gol número 127.

Daí em diante, o São Paulo sobrou. Passe de Ganso para Pato, cruzamento de Michel Bastos para o gol de Ganso — falha do goleiro Juninho.

Milton Cruz não é um estrategista, mas escalar mais um meio-campista no lugar de um atacante fez muito bem ao time. Tem de ser tão bom quarta-feira em Montevidéu contra o Danúbio.

O FLUMINENSE contou com mudança de última hora, a entrada de Vinicius, por opção, no lugar de Wágner. Fez primeiro tempo brilhante e o lançamento para Gérson cruzar e Fred marcar. Gérson firma-se cada vez mais e Fred alcançou o gol 301 na carreira, o 150 pelo Fluminense, sexto maior goleador da história do clube.

Estava melhor, contava com a apatia dos meias do Botafogo — Elvis fez sentir saudade de Diego Jardel –mas o gol no final marcado por William Arão aumenta o equilíbrio para a segunda partida. O Fluminense é mais time do que o Botafogo, mas o confronto está aberto, como confirma o gol perdido por William Arão frente a frente com Diego Cavalieri aos 46 do segundo tempo.

Diga-se, a arbitragem foi boa e acertou na marcação a favor do Fluminense, inimigo da Federação. Assim como, por enquanto, o árbitro vestido com o patrocínio da Crefisa só atrapalhou o adversário do Corinthians, patrocinado pela Caixa.

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.