Dos últimos seis campeões brasileiros, cinco foram finalistas do estadual
Nelson Rodrigues tinha uma frase lapidar sobre a profissão de jornalista esportivo, que ele também exerceu. "O cronista esportivo é um eterno insatisfeito. Para ele, o jogo sempre foi tecnicamente falho!" O dia seguinte das decisões estaduais revelam um pouco dessa nossa eterna falta de sensibilidade. É o dia de festa para 27 torcidas do país e sempre tem um estraga-prazeres para dizer que o título do domingo não significa sucesso no Brasileirão que começará no próximo sábado.
Desde quando o Brasileirão começou a ser disputado por pontos corridos a conversa é a mesma: estadual não é parâmetro. Mas o primeiro dos campeões, o Cruzeiro, foi campeão invicto e deitou na campanha dos pontos corridos em 2003. Nem sempre é assim e é evidente que a maior parte dos campeões estaduais fracassará no Brasileiro. Só um será campeão, é óbvio.
Só que das últimas seis campanhas do Brasileirão, cinco campeões haviam disputado a final do Estadual no semestre anterior. O Flamengo foi campeão carioc a e brasileiro em 2009, o Fluminense foi campeão carioca e brasileiro em 2012, o Cruzeiro foi campeão mineiro e brasileiro em 2014.
Em 2011, o Corinthians foi vice-campeão paulista e campeão brasileiro. Em 2013, o Cruzeiro foi vice estadual e campeão brasileiro.
Então o estadual foi parâmetro, pelo menos nos últimos cinco campeonatos.
Também não tem sido dificultador para ganhar a Libertadores. Santos em 2011, Atlético em 2013 foram campeão estaduais e continentais no mesmo semestre. O Corinthians ganhou a Libertadores de 2012 e foi eliminado nas quartas-de-final daquele paulista. O Inter ganhou a Libertadores de 2010, ano em que foi vice-campeão gaúcho.
A questão dos estaduais não é a sua existência. A reta de chegada foi sucesso de público e a semana passada quebrou recordes de público no Allianz Parque e no Beira Rio. Também foi quebrado o recorde de público deste ano duas vezes, no Mineirão no domingo passado e no Castelão na quarta-feira, na final da Copa do Nordeste.
O problema dos estaduais é estar dentro de um calendário falido e que leva ao desemprego milhares de trabalhadores que dependem do futebol e dos clubes pequenos que ficam sem calendário na segunda metade do ano. É por isso a necessidade de reforma.
Não por ser parâmetro ou não para o Brasileirão. O campeonato que começa no próximo sábado é outro e não tem nada a ver com os que acabaram no domingo passado. Vai haver contratações e reformas de elencos. Vai haver campeão estadual fracassando e outros sonhando em ganhar o título. E o patrimônio do campeonato que começa no sábado que vem é justamente sua imprevisibilidade.
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