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Coluna do PVC

Dos últimos seis campeões brasileiros, cinco foram finalistas do estadual

PVC

04/05/2015 12h23

Nelson Rodrigues tinha uma frase lapidar sobre a profissão de jornalista esportivo, que ele também exerceu. "O cronista esportivo é um eterno insatisfeito. Para ele, o jogo sempre foi tecnicamente falho!" O dia seguinte das decisões estaduais revelam um pouco dessa nossa eterna falta de sensibilidade. É o dia de festa para 27 torcidas do país e sempre tem um estraga-prazeres para dizer que o título do domingo não significa sucesso no Brasileirão que começará no próximo sábado.

Desde quando o Brasileirão começou a ser disputado por pontos corridos a conversa é a mesma: estadual não é parâmetro. Mas o primeiro dos campeões, o Cruzeiro, foi campeão invicto e deitou na campanha dos pontos corridos em 2003. Nem sempre é assim e é evidente que a maior parte dos campeões estaduais fracassará no Brasileiro. Só um será campeão, é óbvio.

Só que das últimas seis campanhas do Brasileirão, cinco campeões haviam disputado a final do Estadual no semestre anterior. O Flamengo foi campeão carioc a e brasileiro em 2009, o Fluminense foi campeão carioca e brasileiro em 2012, o Cruzeiro foi campeão mineiro e brasileiro em 2014.

Em 2011, o Corinthians foi vice-campeão paulista e campeão brasileiro. Em 2013, o Cruzeiro foi vice estadual e campeão brasileiro.

Então o estadual foi parâmetro, pelo menos nos últimos cinco campeonatos.

Também não tem sido dificultador para ganhar a Libertadores. Santos em 2011, Atlético em 2013 foram campeão estaduais e continentais no mesmo semestre. O Corinthians ganhou a Libertadores de 2012 e foi eliminado nas quartas-de-final daquele paulista. O Inter ganhou a Libertadores de 2010, ano em que foi vice-campeão gaúcho.

A questão dos estaduais não é a sua existência. A reta de chegada foi sucesso de público e a semana passada quebrou recordes de público no Allianz Parque e no Beira Rio. Também foi quebrado o recorde de público deste ano duas vezes, no Mineirão no domingo passado e no Castelão na quarta-feira, na final da Copa do Nordeste.

O problema dos estaduais é estar dentro de um calendário falido e que leva ao desemprego milhares de trabalhadores que dependem do futebol e dos clubes pequenos que ficam sem calendário na segunda metade do ano. É por isso a necessidade de reforma.

Não por ser parâmetro ou não para o Brasileirão. O campeonato que começa no próximo sábado é outro e não tem nada a ver com os que acabaram no domingo passado. Vai haver contratações e reformas de elencos. Vai haver campeão estadual fracassando e outros sonhando em ganhar o título. E o patrimônio do campeonato que começa no sábado que vem é justamente sua imprevisibilidade.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.