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Coluna do PVC

O que se espreme da entrevista coletiva do presidente da CBF

PVC

29/05/2015 12h40

Quem conhece Marco Polo Del Nero de perto costuma notar que ele não mexe as sobrancelhas. Isso torna seus pensamentos muitas vezes indecifráveis. Quem assistiu à entrevista coletiva do final desta manhã pode ter ficado exatamente com essa impressão.

O presidente da CBF diz estar perplexo, mas sua expressão facial não muda.

A rigor, só três questões são fundamentais para extrair do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. A principal é entender como os contratos da CBF investigados pelo FBI podem ser divulgados. Sobre isso, Marco Polo respondeu que a CBF é uma entidade privada, que seus sócios pedem sigilo e ela mantém porque a lei lhe garante este direito. Não está errado nem certo. Como a CBF tem caráter público, é justo que se peça para conhecer tudo o que se assina.

A segunda questão relevante é como a CBF tratará seu vice-presidente, preso em Zurique. Marco Polo foi correto, preparado, na resposta. Diz que está chateado com a situação do amigo, perplexo, mas como presidente da CBF deve cuidar do interesse da entidade. É a lógica para retirar o nome de José Maria Marin da fachada do edifício na Barra da Tijuca. Quem pode se incomodar com tal decisão é Marin. A imagem da CBF não precisa estar ligada ao nome de alguém acusado de corrupção — diga-se, o prédio nunca deveria ter recebido o nome de Marin.

Nesta resposta, a única acusação possível é de cinismo.

A terceira questão é a principal. De acordo com os documentos do FBI, há um cooperador número 12, não identificado, mas cujo perfil indica ter sido dirigente da CBF, da Conmebol e da Fifa. A pergunta foi feita pelo Uol, mas de maneira direta. "É o senhor?" A que Marco Polo respondeu: "Eu não sou!" A questão fundamental é como ele avalia o fato de ter o perfil semelhante à descrição dos documentos do FBI e se julga haver mais alguém na mesma condição. A essa pergunta, é verdade, só cabe uma resposta: o tempo.

 

Às 18h, Informações e palpites da rodada voltará a ser o destaque deste blog.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.