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Coluna do PVC

Requintes de crueldade nas entradas e saídas de técnicos do Brasileirão

PVC

03/06/2015 06h04

Há oito dias, Vanderlei Luxemburgo foi demitido por telefone, porque não quis reunir-se com a diretoria do Flamengo pessoalmente. Em seu lugar, assumiu o ex-técnico do Fluminense, Cristóvão Borges, e sua estréia foi justamente no Fla-Flu. No dia seguinte, Marcelo Oliveira era o treinador virtualmente classificado para as semifinais da Libertadores que, apesar do desgaste produzido por dois anos e meio, era querido pela torcidak do Cruzeiro. Ela até cantou seu nome para homenageá-lo após o minuto de silêncio para sua mãe, dona Luíza.

Pois na quarta-feira, Luxemburgo estreia pelo Cruzeiro e o adversário no MIneirão é… o Flamengo!  Os requintes de crueldade do destino no Brasileirão, como se jogasse na nossa cara as razões de nenhum time funcionar coletivamente no ex-país do futebol, ficam devendo apenas a estreia de Marcelo Oliveira em algum clube da Série A contra o Cruzeiro. Quem sabe daqui a algumas semanas.

Antes da vitória sobre o São Paulo, já havia o bochicho de que parte da direção do Cruzeiro julgava desgastada a relação de Marcelo Oliveira com o elenco. Se perdesse do São Paulo e não avançasse às quartas-de-final, Marcelo provavelmente sairia antes. Mas é cruel pensar que a única coisa inquestionável no futebol brasileiro dos últimos dois anos, o time bicampeão brasileiro, desfaz-se assim, em pouco mais de uma semana.

Luxemburgo chega com a lembrança do que fez brilhantemente há treze anos. A tríplice coroa com Alex no ápice foi a certeza de que havia naquela época um time para ser chamado de "melhor do Brasil". Bem, nos últimos dois anos também havia. Depois do Cruzeiro, Vanderlei fez apenas mais um trabalho inquestionável, campeão brasileiro pelo Santos em 2004 com um meio-de-campo formado por Fabinho e Pretto Casagrande, com Ávalos na defesa e Deivid no ataque. Aquele time marcou 103 vezes e até hoje registra o ataque mais positivo da história do Brasileirão.

Vanderlei Luxemburgo era mesmo muito bom. Ontem, o presidente Gilvan contratou aquele Vanderlei Luxemburgo, apenas com a esperança que todo o país tem: que Vanderlei volte a formar times como formava naquela época.

Mas como? Num país que tem cinco trocas de treinador antes da quinta rodada?

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.