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Coluna do PVC

Resultados, preconceito, política... O cardápio da queda de Cristóvão

PVC

20/08/2015 16h37

Cristóvão sai do Flamengo magoado com o que julga ter sido racismo. De fato, há dos mais anônimos a até alguns relevantes comentários que não existiriam se Cristóvão não fosse negro. Cristóvão Borges, nome do técnico do Flamengo, que saiu do cargo oficialmente em comum acordo com a direção do Flamengo nesta quinta-feira.

Uma pena!

Cristóvão Borges é bom técnico.

Como a maior parte dos treinadores do Brasil, não teve tempo para trabalhar. Assumiu no dia 31 de maio. Hoje não é 31 de agosto, ainda. Quer dizer que não deu três meses.

Como em sã consciência alguém pode esperar evolução tática em dois meses e meio? Como em condições normais, alguém que conheça futebol pode julgar um trabalho bem estruturado em 12 semanas?

Com o agravante da temporada brasileira, que tem um jogo a cada três dias e um treino a cada oito, com sorte.

Pois Cristóvão Borges foi vítima disso e alguns comentários no twitter de anônimos fazendo referência à sua raça negra impedem que se pense que não houve racismo. Nem vou citar as mensagens que me chegaram para não dar nome a quem tem apenas uma conta no twitter e ninguém sabe quem é, nem Cristóvão, que se aborreceu com o que leu.

Então houve preconceito, sim.

E houve a questão política, porque a eleição rubro-negra marcada para dezembro esquenta os ânimos. Nem que o presidente Eduardo Bandeira não queira. Há um embate ferrenho da chapa azul dividida. Um dos questionamentos de Walim Vasconcellos e Luiz Eduardo Baptista, o Bap, dizem respeito ao Flamengo continuar sendo um clube comum, que contrata e demite treinadores sem medir resultados. Também aconteceu enquanto os dois estavam na cúpula. Com Dorival Júnior, Jorginho, Mano Menezes — por vontade dele — com Ney Franco…

Se o Flamengo quer ser um clube diferente, precisa ter planejamento. Muito mais do que política.

Muito mais do que pensar em quanto a classificação do Campeonato Brasileiro pode interferir no resultado das eleições. O planejamento pode interferir no resultao de o Flamento ser ou não ser um clube que dispute o título brasileiro e da Libertadores todos os anos.

Claro que no frigir dos ovos, Cristóvão foi condenado por não ter resultados em dois meses e meio, o que faz vítima qualquer treinador do nosso pobre futebol.

No caso dele, houve agravantes, citados acima. Que parecem condenar ainda mais nosso futebol a não ter o planejamento necessário para vencer a médio prazo.

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Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.