As forças e os pecados do sorteio da Champions League 2015/16
O grande problema do sorteio da Champions League 2015/16 é a nova regra de os cabeças-de-chave serem os campeões nacionais dos oito países mais bem ranqueados pela Uefa. É por isso que o Zenit esteve no pote um e o Real Madrid no 2. Não chega a ser um problema insolúvel, por causa da determinação de clubes no mesmo país não caírem no mesmo grupo. Mas isso aumenta um pouco o desequilíbrio, que também já era presente no sistema anterior.
Ter uma chave com a Juventus, campeã italiana, Manchester City, vice-campeão inglês, Sevilla, campeão da Liga Europa, e Borussia Monchengladbach, quarto colocado na Alemanha; e outra com Zenit, campeão russo, Valencia, quarto colocado na Espanha, Lyon, vice-campeão francês, e Gent, campeão belga…
Covenhamos… O equilíbrio passou longe.
Mas é justo lembrar que havia grupos desequilibrados no passado recente. Ano passado havia o Grupo E com Bayern, Manchester City, Roma e CSKA. E o grupo H com Porto, Shakhtar, Athletic Bilbao e Bate Borisov.
A lógica da mudança é a mesma de sete anos atrás ter havido a divisão dos playoffs da terceira fase classificatória entre campeões nacionais de países fracos, de um lado, e de outro os vices, terceiros e quarto colocados de Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica, Portugal e França. Se a Copa é dos campeões, como o nome diz desde 1955, então os vencedores de campeões nacionais devem ter algum tipo de benefício e participação.
Não é a Copa dos melhores times dos países mais ricos. Ganha-se em esportividade, perde-se em requinte.
É do jogo…
O sorteio propriamente dito deve ser analisado grupo a grupo.
GRUPO A
PARIS SAINT-GERMAIN, REAL MADRID, SHAKHTAR E MALMOE
Real Madrid e Paris Saint-Germain jamais se enfrentaram por competições europeias. O duelo inédito reúne os dois favoritos da chave. O PSG já é hegemônico na França, como nunca foi. Isso o faz perder referência quando vai para a Europa. O Shakhtar vai bem ano sim, ano não. O Real Madrid é o favorito, mas precisa acertar seu ataque, que não fez gol em cinco de seus seis primeiros jogos do ano, um deles de Campeonato Espanhol.
GRUPO B
PSV, Manchester United, CSKA e Wolfsburg
A primeira distorção está aqui. Até o fim dos anos 90, os clubes holandeses tinham nível de cabeça-de-chave. Hoje, não têm. São meramente exportadores e isso os faz totais azarões contra alemães e até russos. Mas o PSV é o cabeça-de-chave, por ser campeão de seu país. O Wolfsburg é o mais forte concorrente a ficar com a segunda vaga. A segunda? O Manchester United vive um período de reafirmação. Precisa jogar no mesmo nível de antes de ficar fora da Champions, ano passado, depois de 18 temporadas.
GRUPO C
Benfica, Atlético de Madrid, Galatasaray e Astana
O primeiro time do Casaquistão presente na fase de grupos é o Astana. E entra no grupo mais Liga Europa de todos. O Benfica perdeu o técnico Jorge Jesus e o novo treinador, Rui Vitória, não acerta a equipe. O Galatasaray fez jogo duro contra o Real Madrid e pode jogar o Benfica para o terceiro lugar da chave. O mais forte é o Atlético de Madrid, que montou seu elenco mais amplo das últimas temporadas para tentar chegar bem longe.
GRUPO D
Juventus, Manchester City, Sevilla e Borussia Monchengladbach
O Borussia Monchengladbach foi vice-campeão da Copa dos Campeões em 1977 e nunca mais voltou. Chega como terceiro colocado da Alemanha e pode ser um início, mas neste grupo… É azarão. Dos quatro, o Manchester City é o único com chance de terminar a temporada como campeão europeu. A Juventus foi finalista na temporada passada. Não será nesta temporada. O Sevilla é o campeão da Liga Europa e pode avançar às oitavas-de-final. Pode até ir mais longe. Mas título? Não!
GRUPO E
Barcelona, Bayer Leverkusen, Roma e Bate Borisov
Nem lembre que o Bate Borisov já venceu o Bayern de Munique, na Champions League. Foi no primeiro jogo fora de casa do Bayern na temporada 2012/13, a mesma em que a equipe do técnico Jupp Heynckes foi campeã. Será diferente agora. O Barcelona tentará ser o primeiro clube desde 1990 a ganhar duas Copas dos Campeões da Europa consecutivamente. Tem chance. A Roma de Rudi Garcia pensa em ser campeã italiana. Isso pode ajudar o Bayer Leverkusen na fase de grupos
GRUPO F
Bayern, Arsenal, Olympiacos e Dinamo Zagreb
Em duas das últimas três temporadas, Bayern e Arsenal se enfrentaram nas oitavas-de-final. O bayern ganhou as duas fora de casa, empatou uma e perdeu outra em Munique. Mas quando recebeu o time de Arsene Wenger, o mata-mata já estava solucionado. Esta é a questão. O Bayern é mais time e vai atropelar o Arsenal como e se quiser. O Arsenal pode começar mal, mas avançará. Este grupo tem dois classificados — quase certos.
GRUPO G
Chelsea, Porto, Dynamo Kiev e Maccabi Tel Aviv
O técnico Julen Lopetegui, do Porto, trabalhou com Mourinho quando os dois estavam em Barcelona, final dos anos 90. É mais simpático do que o português, mas igualmente exigente. A questão deste grupo não é a supremacia evidente do Chelsea, nem a capacidade — remota — de o Chelsea ser candidato ao título. A questão é como estará o Porto. No ano passado, dificuldade monstruosa para o Bayern, em Munique.
GRUPO H
Zenit, Valencia, Lyon e Gent
O Zenit ser cabeça-de-chave é uma ofensa. Mas tudo bem… O Valencia chegou com tudo, técnico português, goleiro brasileiro, lembrança de quando foi duas vezes seguidas vice-campeão da Liga dos Campeões. Lembra de Héctor Cúper. O Valencia tem jogado bem e o pode disputar a primeira vaga com o Zenit. O Lyon começou mal a temporada e o Maccabi Tel Aviv é o coadjuvante.
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