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Coluna do PVC

O mal que a decisão de Guardiola faz ao Bayern e ao Manchester City

PVC

01/02/2016 15h07

Josep Guardiola será o novo técnico do Manchester City para a temporada 2016/17. A decisão já estava tomada e era (quase) conhecida, mas foi anunciada oficialmente na manhã desta segunda-feira. O anúncio antecipado em seis meses não faz bem nem ao Bayern nem ao Manchester City.

Verdade que se cobra transparência em todas as decisões do futebol. Mas há limites. Quando Guardiola, em seu ano sabático, anunciou que seria o treinador do Bayern, o clube continuou seu trabalho e ganhou a tríplice coroa. Muita gente pode julgar que o anúncio não teve efeito nenhum. Teve.

Em agosto do ano passado, o zagueiro brasileiro Dante contou como o clube se uniu em torno de Juup Heynckes. O grupo gostava do treinador alemão, consagrado no final daquela temporada com a Champions League. O mesmo grupo hoje não tem amor por Guardiola.

São conhecidos os problemas internos e revelados também por jogadores do elenco, informalmente. Manuel Pellegrini é respeitado pelos jogadores do Manchester City. É possível um efeito semelhante ao que houve com Heynckkes em 2013. Mais certo do que isso é a percepção de que o mundo já sabe que Pellegrini não será o treinador a partir de maio e isso tem impacto em sua vida — para o bem ou para o mal. Tem impacto no trabalho. Ele certamente terá de conversar com os jogadores para entender como tirar o máximo de um grupo que sabe que o chefe vai mudar daqui a cinco meses.

Se o Bayern vai reagir bem e brigar pela Champions, se o Manchester City vai crescer ou se desgastar com a notícia, impossível dizer agora. O certo seria avançar na negociação e anunciá-la ao final da temporada.

Diga-se, Pellegrini é um técnico impressionante. Campeão inglês com o melhor ataque do Campeonato Inglês, vice-campeão espanhol com o REal Madrid recordista de pontos em sua história — antes de Mourinho — defensivo no Villarreal, ofensivo com seus elencos mais classificados, nasceu numa campanha de rebaixamento na Universidad de Chile em 1988 e chegou à Europa depois de sucessos com dois títulos argentinos, pelo San Lorenzo e River Plate.

Guardiola é mais genial do que Pellegrini.

Mas a trajetória do chileno foi mais difícil do que a do catalão.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.