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Coluna do PVC

O grande erro de Robinho

PVC

10/02/2016 13h10

Nem Santos nem Atlético estão satisfeitos com as negociações com Robinho. O Santos diz que dará um "vai ou racha" na sexta-feira, dia da reunião que tenta agendar com a advogada do jogador, Marisa Alija. O Atlético não dirá que não quer mais Robinho, pela dificuldade da negociação. Mas não acredita no sucesso do negócio. A impressão dos dois clubes é a mesma: Robinho está de férias. Quando resolver que deseja voltar a trabalhar, dará uma resposta, mas isso pode não acontecer na data necessária para os dois clubes.

Robinho jogou bem o Campeonato Paulista do ano passado. É justo dizer que nunca jogou mal pelo Santos, em suas três passagens anteriores. Foi protagonista entre 2002 e 2005, coadjuvante em 2010, líder em 2015, na campanha do título paulista com Ricardo Oliveira e Lucas Lima como destaques principais.

Robinho nunca roubou, gíria dos jogadores para explicar quando o jogador não está mais a fim de trabalho e joga mal apenas porque não se dedica aos treinos.

Quando jogou no Brasil, Robinho jogou o máximo que podia.

Seus erros são outros. O atual, demorar para dizer aos clubes se quer ou não quer trabalhar no primeiro semestre de 2016, como se fosse a menina mais bonita da escola.

Ele não é mais.

No passado, Robinho foi quase sempre brilhante com a bola e muitas vezes atrapalhado nas negociações. Em 2005, fez greve no Santos para pedir sua saída para o Real Madrid. Na Espanha, forçou a barra para deixar o clube e transferir-se para o Chelsea — acabou indo para o Manchester City.

Atlético e Santos baseiam suas propostas a Robinho no apoio de patrocinadores. O Santos não diz qual é o parceiro, mas todos os dirigentes ouvidos afirmam que o patrocinador pagaria dois terços do salário. O Atlético se apoia no novo fornecedor de material esportivo, A DryWorld pagaria uma parte do salário e Robinho receberia mais do que os R$ 600 mil oferecidos pelo Santos.

Bem fez o Grêmio que começou a negociação, percebeu a intenção e pulou fora. Contratou o equatoriano Miler Bolaños, que pode dar certo ou não. E Robinho não pode ser um fracasso?

O melhor e mais promissor jogador do Santos hoje é Lucas Lima. Se alguém merece um esforço para que permaneça por longo período é o meia. O mais importante atacante do Atlético é Lucas Pratto.

Robinho significa a grife. Contratá-lo alegraria a torcida, criaria manchetes. A função do jogador é produzir vitórias, porque estas fazem o clube virar grife, tornar-se manchete.

O craque é sempre importante, especialmente enquanto é craque. Desculpem-me meus professores de jornalismo, mas existe,sim, ex-craque. É aquele que jogou maravilhosamente e já não joga mais. O craque na aposentadoria será sempre craque. O craque em contínuo declínio torna-se ex-craque. É inevitável.

Robinho só precisa definir o que quer ser. E avisar o mais rapidamente possível aos clubes que ainda acreditam em seu futebol e na sua palavra.

Contratar Robinho pode ser bom. Mas ele já não vale quanto pede.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.