O grande erro de Robinho
Nem Santos nem Atlético estão satisfeitos com as negociações com Robinho. O Santos diz que dará um "vai ou racha" na sexta-feira, dia da reunião que tenta agendar com a advogada do jogador, Marisa Alija. O Atlético não dirá que não quer mais Robinho, pela dificuldade da negociação. Mas não acredita no sucesso do negócio. A impressão dos dois clubes é a mesma: Robinho está de férias. Quando resolver que deseja voltar a trabalhar, dará uma resposta, mas isso pode não acontecer na data necessária para os dois clubes.
Robinho jogou bem o Campeonato Paulista do ano passado. É justo dizer que nunca jogou mal pelo Santos, em suas três passagens anteriores. Foi protagonista entre 2002 e 2005, coadjuvante em 2010, líder em 2015, na campanha do título paulista com Ricardo Oliveira e Lucas Lima como destaques principais.
Robinho nunca roubou, gíria dos jogadores para explicar quando o jogador não está mais a fim de trabalho e joga mal apenas porque não se dedica aos treinos.
Quando jogou no Brasil, Robinho jogou o máximo que podia.
Seus erros são outros. O atual, demorar para dizer aos clubes se quer ou não quer trabalhar no primeiro semestre de 2016, como se fosse a menina mais bonita da escola.
Ele não é mais.
No passado, Robinho foi quase sempre brilhante com a bola e muitas vezes atrapalhado nas negociações. Em 2005, fez greve no Santos para pedir sua saída para o Real Madrid. Na Espanha, forçou a barra para deixar o clube e transferir-se para o Chelsea — acabou indo para o Manchester City.
Atlético e Santos baseiam suas propostas a Robinho no apoio de patrocinadores. O Santos não diz qual é o parceiro, mas todos os dirigentes ouvidos afirmam que o patrocinador pagaria dois terços do salário. O Atlético se apoia no novo fornecedor de material esportivo, A DryWorld pagaria uma parte do salário e Robinho receberia mais do que os R$ 600 mil oferecidos pelo Santos.
Bem fez o Grêmio que começou a negociação, percebeu a intenção e pulou fora. Contratou o equatoriano Miler Bolaños, que pode dar certo ou não. E Robinho não pode ser um fracasso?
O melhor e mais promissor jogador do Santos hoje é Lucas Lima. Se alguém merece um esforço para que permaneça por longo período é o meia. O mais importante atacante do Atlético é Lucas Pratto.
Robinho significa a grife. Contratá-lo alegraria a torcida, criaria manchetes. A função do jogador é produzir vitórias, porque estas fazem o clube virar grife, tornar-se manchete.
O craque é sempre importante, especialmente enquanto é craque. Desculpem-me meus professores de jornalismo, mas existe,sim, ex-craque. É aquele que jogou maravilhosamente e já não joga mais. O craque na aposentadoria será sempre craque. O craque em contínuo declínio torna-se ex-craque. É inevitável.
Robinho só precisa definir o que quer ser. E avisar o mais rapidamente possível aos clubes que ainda acreditam em seu futebol e na sua palavra.
Contratar Robinho pode ser bom. Mas ele já não vale quanto pede.
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