Topo

Coluna do PVC

O último craque a descer do ônibus

PVC

11/02/2016 13h30

Não se sabe exatamente como surgiu esta expressão que de tempos em tempos aparece nos corredores do Atlético.

Do futebol de um modo geral.

Mas a reconstrução do Atlético como time gigante, candidato a todos os títulos que disputa, nasceu um pouco desta percepção. Nos anos 70, Reinaldo era o cara! Reinaldo é o Rei até hoje, mas era o último a descer do ônibus. Não havia tantas câmeras para provar que era, nem para dizer o contrário.

Fato é que o Atlético ganhava títulos e era candidato a tudo.

Ronaldinho sempre foi o último a descer do ônibus e atribuía-se esse fato a ser o mais tímido. O último é sempre o mais importante. Se não foi sempre assim, virou uma lógica torta do futebol.

Robinho também é.

Isto é um símbolo.

O craque do time não precisa ser o último a descer do ônibus. Talvez Zico não fosse no Flamengo campeão mundial.

Mas o Atlético entendeu que precisava de um cara assim.

Quer saber se eu contrataria Robinho, depois de um mês negociando e ajustando e tentando e ouvindo que semana que vem a gente volta a conversar? Claro que não. Existe algum advogado, engenheiro, jornalista ou médico que consiga emprego depois de passar um mês esnobando? Evidente que não.

Mas há uma estranha lógica no futebol, especialmente no futebol brasileiro.

Na Europa, se Fabregas não quer, pode-se contratar Pogba. Verdade que é diferente com grandes estrelas. Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Ibrahimovic… estes estão em condição de pagar para ver. Nem todos estão.

Aqui, sim.

Robinho vai jogar bem no Atlético?

Ninguém sabe.

Robinho vale perto de R$ 1 milhão mensais?

Todo mundo sabe que, hoje, não!

E mesmo assim dois clubes se bateram para ter Robinho até o Santos desistir e o Atlético anunciar.

Por quê? Porque ele é o cara que desce por último do ônibus. Bom de ambiente no vestiário, Robinho é também capaz de fazer os adversários olharem para o clube como candidato a tudo.

A aposta não é que seu futebol mude a perspectiva. É que sua imagem transforme.

E isso justifica que receba um salário fora da ordem. Ganha porque é Robinho e não porque é craque.

Está errado!

O Santos não terá Robinho, mas terá Lucas Lima e Gabigol.

O Atlético pode ser campeão da Libertadores, por causa de Lucas Pratto, Dátolo, Cazares, Hyuri e Luan. Eles podem jogar muito. Robinho pode mais. Pode ser a imagem de um time que pode contratar um astro histórico.

Que Robinho jogue como craque do presente e não do passado.

Neste caso, o Atlético poderá ganhar a Libertadores.

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.