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Coluna do PVC

Fla-Flu em Brasília escancara descompromisso do Consórcio Maracanã

PVC

15/02/2016 12h07

Depois de Vasco x Flamengo em São Januário, esta semana é de Fla-Flu em Brasília. Entre quinta e sexta-feiras passadas discutiu-se se poderia haver jogo no estádio do Vasco. E claro que podia, como pôde haver Santos x Corinthians pela semifinal da Libertadores na Vila Belmiro. Mas o agendamento de Flamengo x Fluminense para Brasília obriga a fazer a reflexão que a discussão sobre São Januário impediu semana passada.

O problema não é São Januário, mas a ausência do Maracanã. E o descumprimento do contrato do consórcio Maracanã com os dois clubes com os quais tem contrato, Flamengo e Fluminense.

Seria justo também dizer que o consórcio Maracanã descumpre o acordo com o governo do Estado, porque a vitória na "licitação" dá obrigações a quem a venceu. Só que o consórcio toma o cuidado de não caracterizar o descumprimento e poderá fazer alguns jogos depois da Olimpíada para dizer que está, sim, de acordo com o que foi combinado.

Não está.

Ainda que esteja com o Estado do Rio de Janeiro, proprietário do Maracanã, não está com os clubes com os quais assinou contrato.

Flamengo e Fluminense são parceiros do consórcio Maracanã. Deveriam ser tratados como tal.

Para entender. O consórcio demitiu 75% de seu quadro de funcionários no início de janeiro, porque tem prejuízo com a administração do estádio e pretende criar condições para devolver ou mudar as regras da licitação. Verdade que o projeto original previa exploração de lojas e estacionamentos. Se o consórcio tiver razões objetivas para romper o contrato, que procure o governo do Estado ou a Justiça e termine sua parceria. Já!

Mas enquanto existe um contrato é para ser cumprido.

O Maracanã está abandonado. Tem mato, escadas rolantes desligadas, como demonstra o blog fim de jogo, texto assinado por Cristina Dissat.

O Fluminense jogou para 537 pagantes contra o Bonsucesso e para 700 contra o Tigres. Em 1993, no Brasileirão, o Flu jogou para 129, nas Laranjeiras. Era mais grave. Hoje um dos problemas é a ausência do Rio de Janeiro no mapa do futebol… do Rio de Janeiro!!! Por isso o Fluminense joga em Volta Redonda e arrecada R$ 11 mil.

A culpa é do consórcio!

O combinado era haver jogos até o dia 30 de abril. O Campeonato Carioca seria jogado lá e o problema existiria, mas só a partir do Brasileirão. Se seguisse a lógica de 2015, de fechamento do estádio para shows, o Maracanã não receberia o Fla-Flu. Mas abriria para Flamengo x Resende, no dia 27 de fevereiro. Em 22 de novembro do ano passado, teve show do Pearl Jam no Maracanã e no dia 28 o Fluminense recebeu o Internacional pelo Brasileirão.

Se não dá lucro, se a Odebrecht tem problemas por causa da Lava Jato, o problema é de quem assinou o contrato.

Se eu aluguei um apartamento de três quartos e não tenho dinheiro para pagar, que procure rescindir o contrato dentro das regras do que foi combinado. O consórcio Maracanã não tem o direito de tirar o Maracanã do Rio de Janeiro como está fazendo.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.