Aguirre pede demissão. A profecia anunciada do futebol brasileiro
Diego Aguirre pediu demissão e a decisão foi anunciada em entrevista coletiva convocada às pressas no final da manhã. Aguirre explicou que tomou a iniciativa por não ter alcançado o principal objetivo. Isto indica a dignidade do treinador uruguaio. Mas sua renúncia não representa apenas isso. Aguirre só deixa o cargo, porque percebe que seria questão de tempo sua saída pelo desgaste das perdas dos títulos estadual e sul-americano. Por não ter mais respaldo.
Foram 29 partidas, 14 vitórias, 7 empates e 8 derrotas. Verdade que venceu menos partidas do que a soma das que não ganhou. Mesmo assim, o número escasso de jogos repete os erros do futebol brasileiro com técnicos de quaisquer nacionalidades.
Dizemos que os técnicos brasileiros estão ultrapassados. Não é isso. Faltam cursos, atualizações, falta consolidar o conhecimento teórico e sistematizá-lo, mas muitos brasileiros são tão bons quanto vários estrangeiros — também vários estrangeiros são piores do que muitos brasileiros e vice-versa.
Mas ninguém é milagreiro para alcançar objetivo em 29 partidas. O principal objetivo não pode ser ganhar um torneio, mas ter uma equipe que dispute tudo e ganhe muitas vezes por muitos e muitos anos.
Então, Aguirre não falhou no principal objetivo do Atlético. O Atlético é que falha ao não entender que seu principal objetivo é voltar a ser campeão brasileiro e da Libertadores o mais rapidamente possível e para isso é fundamental ter o trabalho mais sólido, por quanto tempo for capaz de mantê-lo.
Aguirre não sente sustentação, porque o futebol brasileiro repete um círculo vicioso definido precisamente pelo diretor-executivo do São Paulo, Gustavo Oliveira. Ele diz que o futebol brasileiro tem uma profecia anunciada. Em algum momento do trabalho, uma derrota importante acontece e detona a bomba. A torcida acha que o técnico vai sair e o mal estar se coloca — exatamente o clima do Independência depois do 2 x 1 sobre o São Paulo. A imprensa percebe a tensão e passa a dizer que o técnico está na corda bamba. Os jogadores passam a esperar a queda e a diretoria percebe o movimento. O resultado final é óbvio: a queda.
Seja a demissão ou o pedido para sair, como aconteceu com Diego Aguirre.
Enquanto este ciclo não mudar, não haverá times sólidos no futebol do Brasil.
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