Topo

Coluna do PVC

Crise do Flamengo se amplia com urubus da política

PVC

23/05/2016 10h31

O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, deve definir com a CBF entre segunda e terça-feira o dia de sua viagem para chefiar a delegação da seleção brasileira na Copa América.

O verbo correto é este: deve.

A reunião pode até decidir pelo cancelamento da chefia da delegação. Mas, na manhã de segunda-feira, a expectativa do dirigente ainda era escolher a data. A afirmação é que desde o acordo para chefiar a delegação sabia-se que não seguiria no mesmo avião da seleção, no domingo.

A lógica ainda é que Bandeira esteja nos Estados Unidos no primeiro amistoso, contra o Panamá, no domingo.

Antes, precisa apagar incêncios na Gávea. Na noite de domingo, Eduardo Bandeira de Mello declarou que pretende anunciar nesta semana mudanças no departamento de futebol. Não citou quais.

Bandeira diz que não pensa em trocar o diretor executivo Rodrigo Caetano. Mas a central de boatos da Gávea anuncia que isto pode acontecer. Gente no Cruzeiro admite que o diretor-executivo cruzeirense, Thiago Scuro, foi sondado. Bandeira desmente. É seguro Scuro não deixará o Cruzeiro.

Até mesmo porque o jogo político do Flamengo não quer diretor profissional.

"Em outros clubes, a política tem o grupo da situação e da oposição. No Flamengo, há diversas correntes, o grupo da sauna, o grupo do tênis, o grupo da piscina… Todos aparecem na hora da crise esportiva." A frase repetida por diferentes pessoas indica como o jogo político cresce nas derrotas.

Os urubus da política não querem diretor executivo. É melhor ter diretores amadores, como sempre aconteceu no Flamengo nas épocas em que as dívidas apenas cresciam. Lembre-se de que a crise econômica do país fez muita gente perder dinheiro nos últimos anos em seus negócios pessoais.

Ai, se estes caras tivessem uma boquinha no futebol…

Com dirigentes profissionais é mais difícil meter a cumbuca.

Veja então o que aconteceu nos últimos meses em clubes como Internacional, Grêmio e Vasco. Diretores executivos demitidos não tiveram substitutos.

Rodrigo Caetano não é culpado pela crise do Flamengo. Os problemas rubro-negros repetem-se ano após ano. Técnicos, jogadores e dirigentes que se deram bem em outros lugares não conseguem trabalhar bem na Gávea. Paolo Guerrero, Oswaldo de Oliveira, Felipe Ximenes…

O caso mais recente é Muricy Ramalho que fará sua última bateria de exames nesta terça-feira em São Paulo. Só depois dos resultados dos exames, Muricy e Flamengo decidirão quando e se voltarão a trabalhar juntos. Como é impossível apontar a metralhadora para o treinador com problemas de saúde, a mira se vira para o diretor executivo. Fazer o Flamengo voltar a ser o clube mais forte do Brasil requer medidas muito mais profundas.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.