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Coluna do PVC

Livro de Tite conta veto a trapaça em clássico contra o Santos

PVC

30/05/2016 18h00

A jornalista Camila Mattoso lança na noite desta segunda-feira, na livraria Saraiva do Shopping Paulista, o livro TITE. A biografia do treinador campeão mundial pelo Corinthians em 2012 e apontado como o melhor em sua profissão no Brasil nos últimos três anos, conta a experiência com Carlo Ancelotti, na Europa, o início da vida e a carreira de jogador, a consagração como treinador.

Uma das passagens marcantes do livro de Camila Mattoso trata do dia em que Tite vetou deixar o gramado mais lento do lado que o Santos atacaria.

Abaixo, o trecho do livro de Camila Mattoso:

"Tite jura de pés juntos que jamais pediu por vitórias nas suas orações. Ajoelhado, com a Bíblia e as santinhas à sua frente, mais algumas velas, faz uma única prece: por merecimento.

(…)

Era o último confronto em 2015, em casa, com um sol escaldante, no horário novo criado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), às 11 horas do domingo. Reta final do Campeonato Brasileiro, com cinco pontos em relação ao Atlético Mineiro, que jogaria no ­final do dia contra o Flamengo, em Minas Gerais. Não podia vacilar. Veio então a sugestão, feita por um sujeito oculto e indeterminado, que eu não conseguirei também revelar a identidade: "Vamos molhar só um lado do campo".

(…)

Explica-se: para todas as partidas em Itaquera é feita uma irrigação no gramado antes de o juiz apitar. É a forma que o clube prefere jogar – e ainda usa como justifi­cativa que a grama necessita de tal cuidado. Com a água disparada especialmente dentro da grande área e ao seu redor, a bola rola com mais facilidade, apesar do alto índice de escorregões – normalmente dos adversários.

Qual era o plano, então, do sujeito oculto e indeterminado? Se molhasse apenas o lado do ataque corintiano, a velocidade de Elias, Jadson, Renato Augusto, Malcom e VagnerLove seria a mesma a que estavam acostumados. Já a orquestrado maestro Lucas Lima teria mais di­ficuldades de locomoção. Tite, porém, vetou a manobra.

– Foi aventada a possibilidade, para nós tirarmos vantagem. Eu disse: "Não, cara… Nós vamos ganhar sendo o melhor, o mais competente". E me falaram: "Mas é a gente quem decide se vai molhar ou não, é uma prerrogativa nossa". E eu disse: "Eu sei". Eu me senti mal de ter essa possibilidade. Não aceitei. O Edu Gaspar me falou: "Eu sabia que você não ia aceitar, professor". E a gente molhou o campo todo, porque a gente gosta dele assim. Eu falei: "Vai terminar o jogo e vocês terão mais orgulho".

Tite classifi­ca a apresentação do Corinthians naquela tarde como sublime: 2 X 0, com dois gols de Jadson.

Segundo duas pessoas da diretoria corintiana, a sugestão surgiu dias depois da eliminação na Copa do Brasil, em 27 de agosto, jogo contra o Santos, assistido por Dunga e Gilmar Rinaldi, técnico e coordenador da Seleção Brasileira. Enquanto assistiam Lucas Lima brilhar, os dois admiravam o quanto o gramado molhado fazia bem ao time da baixada."

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.