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Coluna do PVC

As dificuldades de Cuca no Palmeiras

PVC

07/06/2016 17h53

No dia 14 de junho de 2007, nove anos atrás, o Botafogo goleou o Vasco por 4 x 0. Um show! Talvez tenha sido a partida mais brilhante de um time dirigido por Cuca. Dez dias depois, chegou a notícia de que o exame antidoping de Dodô tinha resultado positivo. Foi o primeiro problema de um time com elenco curto e sem vocação para ser campeão brasileiro. Mas que liderou e deu espetáculo até o final do primeiro turno. Mesmo com André Lima no ataque, substituto de Dodô nas partidas em que o artilheiro dos gols bonitos precisou ficar de fora.

Há grandes diferenças entre aquele Botafogo e este Palmeiras. A principal é a capacidade de investimento. Sem Alecsandro, suspenso, é provável que Cuca peça um centroavante para revezar-se no ataque com Barrios, machucado, e também com Gabriel Jesus, Roger Guedes e Dudu.

Paulo Nobre não é de abrir o bolso. Mas tem dois compromissos neste momento: não perder jogadores e repor peças. Não precisam ser contratações caras, porque Cuca descobre do nada soluções para o elenco. Tchê Tchê e Roger Guedes são os exemplos mais recentes. Mas alguém para o lugar de Alecsandro vai ser necessário.

Cuca prometeu brigar pelo título desde sua chegada. Paulo Nobre é mais discreto. Em entrevista ao Globo Esporte.com, Nobre disse que a promessa é de Cuca. Que como presidente precisa ter mais cautela.

Ora… mais ou menos. A promessa de voltar a brigar pelos títulos mais importantes sempre esteve no discurso de Paulo Nobre desde a primeira eleição. Assim como prometeu ser o presidente das contas sem dívidas, também discursou sobre o Palmeiras entrar em todas as competições para brigar pelas taças.

O maior sucesso da carreira de Cuca aconteceu quando trabalhou com o presidente que discursava junto com ele. Se Cuca dizia que iria brigar para ser campeão da Libertadores, Alexandre Kalil fazia o mesmo.

O exemplo mais exato é das noites de concentrações em 2013. Quando Cuca percebia que o time estava disperso e precisava de duas noites na Cidade do Galo, falava ao presidente Kalil e ele avisava aos atletas: "A decisão é minha, não é do treinador, não!"

Em outras palavras, Alexandre Kalil deu respaldo.

Cuca prometeu brigar pelo Brasileirão e está sedento por isso. Basta conhecer sua história para entender que só há duas maneiras de saciar esta sede: 1. ganhar a taça; 2. perceber que o entusiasmo não é compartilhado pelo discurso de seus chefes.

Desagradar Cuca neste momento é dizer que a promessa é do técnico e não do clube. E julgar que as contas zeradas no fim do ano são contraditórias com a tentativa de ser campeão. As duas coisas podem caminhar juntas.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.