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Coluna do PVC

O Chile é bicampeão porque Messi falhou em seu pior fundamento: pênalti

PVC

26/06/2016 23h12

Uma diferença fundamental entre a decisão da Copa América de 2015 e a disputada na noite de domingo em Nova Jérsei foram os batedores de pênaltis. O técnico argentino, Gerardo Martino, retirou de campo antes do apito final o volante Banega e o atacante Gonzalo Higuain, que desperdiçaram suas cobranças há um ano. O autor do gol do título de 2015, Alexis Sánchez, também não estava em campo quando os dois capitães, ambos barcelonistas, Bravo e Messi, tiraram o toss para iniciar a disputa.

Pois coube ao único argentino capaz de marcar na decisão por pênaltis do ano passado o erro desta vez. Messi perdeu! Que Messi perde pênaltis, todo mundo sabe. Foram quatro desperdiçados na temporada 2015/16, contra Getafe, Athletic Bilbao, Levante e Celta. Seu índice é de 23% de erro em toda a carreira.

Mas este vai doer mais, porque terá repercussão nos debates sobre futebol durante muitos anos. Especialmente depois de Maradona ter afirmado que os jogadores atuais nem precisariam voltar a Buenos Aires se perdessem a Copa, como perderam. Justamente Maradona, que jamais conquistou uma Copa América e perdeu uma em casa.

É incrível o prolongamento do jejum de títulos da Argentina. São 14 troféus disputados e seis perdidos na decisão, com a medalha de prata pesando sobre o coração. Foi o melhor desempenho da competição, a melhor seleção do mês das seleções, a que variou o ritmo dos jogos, que marcou mais forte a saída de bola, que infiltrou-se mais vezes para definir jogos.

Mas na decisão não foi assim. Nem de longe. A Argentina teve a chance de vencer com Higuain no primeiro tempo e depois durante os 15 minutos em que jogou com um homem a mais. Então perdeu Rojo, fruto da arbitragem confusa do brasileiro Héber Roberto Lopes.

Então, o Chile teve mais inteligência e malícia. Rodou a bola com paciência, teve oportunidade de fazer o gol com Vargas, com Alexis Sánchez, teve em Arturo Vidal o melhor homem em campo, antes de o goleiro Claudio Bravo ser decisivo nos pênaltis.

Incrível também pensar que nos últimos 24 anos, os chilenos têm dois troféus e os argentinos, nenhum. E que a geração de Messi terá de viajar para a Rússia com o estigma de três vice-campeonatos consecutivos. Messi chorou como chora toda a Argentina. O Chile sorri de felicidade por conquistar em dois anos tudo o que não venceu em cem anos.

 

FINAL

26/junho/2016

ARGENTINA 0 x 0 CHILE – 21h

Local: Metlife (Nova Jérsei); Juiz: Héber Roberto Lopes (Brasil); Público: 82.022; Cartão amarelo: Vidal, Marcelo Díaz, Beausejour, Aránguiz, Otamendi, Mascherano, Messi; Expulsão: Marcelo Diaz 27, Rojo 42 do 1º

ARGENTINA: 1. Romero (7), 4. Mercado (5,5), 17. Otamendi (5), 13. Funes Mori (4,5) e 16. Rojo (4); 14. Mascherano (6,5) e 19. Banega (6) (18. Lamela 5 do 2º da prorrogação (6)); 6. Biglia (5,5), 10. Messi (6) e 7. Di Maria (5) (5. Kranevitter 11 do 2º (6)); 9. Gonzalo Higuain (5) (11. Aguero 24 do 2º (5,5)). Técnico: Gerardo Martino

CHILE: 1. Bravo (7,5), 4. Isla (5,5), 17. Medel (6), 18. Jara (6,5) e 15. Beausejour (5,5); 21. Marcelo Díaz (4) e 20. Aránguiz (6); 6. Fuenzalida (5,5) (22. Puch 35 do 2º (5)), 8. Vidal (7,5) e 7. Alexis Sánchez (6,5) (5. Francisco Silva 12 do 1º da prorrogação (5,5)); 11. Vargas (6) (16. Castillo 3 do 2º da prorrogação (5,5)). Técnico: Juan Antonio Pizzi

Nos pênaltis: Vidal (Romero), Messi (por cima), Castillo (gol), Mascherano (gol), Aránguiz (gol), Aguero (gol), Beausejour (gol), Biglia (Bravo), Francisco Silva (gol)

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.