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Coluna do PVC

Futebol dá ao Brasil melhor campanha olímpica da história

PVC

20/08/2016 20h17

A sexta medalha de ouro, recorde na história do Brasil olímpico, e a confirmação da 18a medalha no quadro geral foi oferecida pela seleção de Rogério Micale.

O Brasil é medalha de ouro no futebol pela primeira vez no futebol.

Analisar a conquista e a dificuldade do jogo final é importante a partir desta linha.

Primeiro porque não era obrigação confirmar o favoritismo nem seria fiasco perdê-la em casa, levando em conta que não se fez um trabalho de quatro anos, com o ciclo olímpico utilizando os dois mundiais sub-20. Em 32 dias, o que se pode fazer é estruturar um time incipiente e apostar na habilidade, que continua sendo característica nata dos jogadores brasileiros.

Isso mesmo! A crise da seleção não se deve à falta de jogadores, mas à falta de coerência do trabalho.

O jogo contra a Alemanha seria e foi difícil, porque Horst Hrubesch trabalhou durante quatro anos com estes jogadores, os que chegaram ao Europeu Sub-21 do ano passado e os que não foram convocados no final daquele ciclo.  Gente como Brandt, Max Meyer, Selke, Gnabry, Horn, Ginter conhecem-se do trabalho que levou ao terceiro lugar no Europeu sub-21 de 2015, mesmo que vários deles não tenham sido convocados para o torneio vencido pela Suécia.

A seleção de Micale, não. Precisou apostar na habilidade.

Renato Augusto fez um jogo monstruoso! Foi quem mais roubou bolas e quem mais acertou passes. O mesmo vale para Zeca, fenômeno na marcação a Gnabry, que não conseguiu finalizar, apesar de ser o artilheiro do torneio olímpico. Marquinhos e Rodrigo Caio outra vez brilharam, Douglas Santos fez quase tudo certo, mesmo sem conseguir cortar o cruzamento de Toljian para o gol de Max Meyer.

Wéverton, o goleiro convocado porque sabe jogar com os pés, ajudou a ganhar a medalha de ouro com as mãos. Não apenas no pênalti defendido de Petersen, mas também no primeiro tempo, quando a Alemanha chutou três vezes no travessão e outra para Wéverton consagrar-se.

Neymar foi um capítulo à parte. Foi maestro e foi artista. Deixou três companheiros na cara do goleiro Horn, como se fizesse questão de dizer ao mundo que a medalha de ouro foi vencida por uma seleção talentosa, não por um jogador espetacular.  Maestria! Deu dribles que levantaram o Maracanã e entortaram os zagueiros alemães. Terminou a prorrogação sem condição de puxar nenhum contra-ataque, com o pé direito machucado. O mesmo pé que marcou um dos gols mais brilhantes da história do Maracanã. O mesmo que cobrou o pênalti decisivo e garantiu a medalha de ouro ao Brasil.

Vale comprar uma camisa 10 da seleção amanhã e mandar escrever Neymar nas costas.

20/agosto/2016

BRASIL 1 x 1 ALEMANHA

Local: Maracanã (Rio de Janeiro); Juiz: Alireza Faghani (Irã); Reza Sokhandan, Mohammadreza Mansouri; Gols: Neymar (falta) 26 do 1º; Max Meyer 13 do 2º; Cartão amarelo: Zeca (29'), Gabriel (42'), Selke (48'), Sven Bender (82'), Sule (88')

BRASIL: 1. Wéverton (9), 2. Zeca (8), 4. Marquinhos (7,5), 3. Rodrigo Caio (7,5) e 6. Douglas Santos (7,5); 12. Walace (6) e 5. Renato Augusto (8,5); 9. Gabriel (5,5) (17. Felype Anderson 24 do 2º (5,5)), 10. Neymar (10) e 11. Gabriel Jesus (7) (8. Rafinha 4 do 1º da prorrogação (7)); 7. Luan (7,5). Técnico: Rogério Micale

ALEMANHA: 1. Horn (6,5), 2. Toljian (7), 4. Ginter (6), 5. Sule (6) e 3. Klostermann (5,5); 6. Sven Bender (6,5) e 8. Lars Bender (5,5) (16. Promel 22 do 2º (6)); 11. Brandt (5), 7. Max Meyer (7,5) e 17. Gnabry (5,5); 9. Selke (4,5) (18. Petersen 31 do 2º (4)). Técnico: Horst Hrubesch

Nos pênaltis – Ginter (Gol), Renato Augusto (Gol), Gnabry (Gol), Marquinhos (Gol), Brandt (Gol), Rafinha (Gol), Sule (Gol), Luan (Gol), Pettersen (Wéverton), Neymar (Gol)

 

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.