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Coluna do PVC

A inédita e ridícula punição do STJD a Palmeiras e Flamengo

PVC

01/09/2016 16h21

SOBRE O TEXTO ABAIXO É IMPORTANTE REFORÇAR.

O GOL NORTE TEM 7 MIL LUGARES. DESTES, 1700 SÃO OCUPADOS POR TORCEDORES UNIFORMIZADOS.

75% DO SETOR É COMPOSTO POR TORCEDORES COMUNS, QUE TÊM 100% DE DESCONTO NO  INGRESSO.

ESTES SERÃO PUNIDOS E PARA IREM AO ESTÁDIO TERÃO DE PAGAR INGRESSO MAIS CARO.

O GOL NORTE É O SETOR QUE IMPEDE A ELITIZAÇÃO DO ESTÁDIO. PAGA-SE EM MÉDIA 30 REAIS POR BILHETE. QUEM QUISER IR AOS PRÓXIMOS CINCO JOGOS TERÁ DE PAGAR MAIS CARO OU PERDER PORCENTAGEM DE PRESENÇA. SÓ QUEM TEM 80% DE PRESENÇA OS JOGOS TEM ACESSO AO INGRESSO NA PRIMEIRA PRÉ-VENDA. 

A PUNIÇÃO DO STJD NÃO PUNE OS CRIMINOSOS. CONTINUA PUNINDO INOCENTES.

 

Há mais de vinte anos as torcidas uniformizadas riem de decisões dos tribunais e promotores do Brasil. Aquelas que dizem que as facções estão proibidas de entrar no estádio. Elas sentem. Não gostam da proibição de exibirem suas camisas e adereços. Mas no fundo não faz a menor diferença.

No caso da punição imposta pelo STJD, a torcida do Flamengo estará no mesmo lugar onde se senta no estádio. A do Palmeiras, não. Porque normalmente ela se situa no Gol Norte, a velha ferradura do Parque Antarctica, lado esquerdo das câmeras de TV do novo Allianz Parque. Sentam-se ali todos vestidos com camisas brancas. Muitos torcedores do setor Gol Norte não são uniformizados. Boa parte fica distante das uniformizadas, entre a TUP e a Mancha. Outros não são das facções. Entre estes, há os que se vestem com camisas brancas para poderem ficar próximos à festa. Sim, a Mancha Verde veste-se de branco.

Tirar as torcidas uniformizadas de três jogos do Flamengo, decisão do STJD, é subestimar sua capacidade de organização. Os torcedores estarão lá do mesmo jeito. No caso da Mancha, é possível que não estejam, porque o Palmeiras não financia os torcedores e eles terão de pagar caro para irem a outro setor do estádio, onde pagarão mais caro. Se quiserem ir, irão. De camisas brancas ou verdes,apenas sem as marcas que identificam as torcidas.

A violência de Brasília foi um caso típico de falha da organização. O plano de jogo previsto no Estatuto do Torcedor precisa ser elaborado e cumprido, missão das autoridades e do clube mandante. A polícia de Brasília não está aparelhada como a de São Paulo ou do Rio, razão pela qual houve brigas de torcidas entre Corinthians e Vasco, ano passado, Palmeiras e Flamengo neste ano.

Resolver o problema exige aparelhar a polícia de Brasília, desabituada aos jogos com torcidas rivais. Enquanto não for possível, que não se façam jogos entre dois times com rivalidade explícita no Mané Garrincha. Todo mundo sabe que Corinthians x Vasco, Flamengo x Palmeiras são jogos com torcidas uniformizadas inimigas há 25 anos  – alviverdes e rubro-negros são incompatíveis desde 1979!!!

Decisões como a de hoje, do STJD, servem apenas para tornar mais ridículo o sistema judiciário do futebol. Os imbecis uniformizados ironizam as decisões, os clubes lamentam. Porque o tribunal pune quem não comete crimes: o campeonato. A única solução é trabalhar em conjunto com a polícia civil para processar quem causa distúrbios nos estádios. A providência correta para acabar com a violência não se toma no Brasil.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.