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Coluna do PVC

Palmeiras em paz terá candidato único depois de 17 anos

PVC

30/09/2016 18h11

Maurício Galiotte será o presidente do Palmeiras a partir de 19 de dezembro e isto ficou evidente nesta sexta-feira, prazo final para a inscrição das chapas para a eleição. Pela primeira vez desde 1999, haverá candidato único na eleição palmeirense. A última vez havia acontecido em 1999, quando Mustafá Contursi foi conduzido a seu quarto mandato, impulsionado por um Conselho Deliberativo que controlava politicamente e pelo sucesso do time de futebol.

Antes, em 1995, Mustafá também foi candidato único, pela união de forças do clube no período de parceria com a Parmalat. Mas no final de 1996, Mustafá e seu vice-presidente, Serafim Del Grande, romperam relações, por causa da reforma estatutária que permitiu reeleições sem limite. O acordo não escrito era para que Serafim fosse o candidato à sucessão de Mustafá. A reforma do estatuto permitiu ao mandatário manter-se no poder e concorrer ao terceiro mandato contra o próprio Serafim em 1997.

De 1999 para cá, sempre houve dois ou três candidatos. Mustafá x Serafim del Grande em 2001; Mustafá x Luiz Gonzaga Belluzo em 2003; Affonso della Monica x Serafim Del Grande em 2005; Affonso della Monica x Roberto Frizzo em 2007; Luiz Gonzaga Belluzzo x Roberto Frizzo em 2009; Arnaldo Tirone x Paulo Nobre x Salvador Hugo Palaia em 2011; Paulo Nobre x Décio Perim em 2013; Paulo Nobre x Wlademir Pescarmona em 2015.

A candidatura única de Maurício Galiotte é completamente diferente dos momentos anteriores e revela a capacidade de aglutinação de Maurício Galiotte. A União Verde e Branca, maior expoente da oposição do clube, divulgou manifesto afirmando ideais de seu projeto, discordando de decisões da gestão Paulo Nobre, mas reforçando que Galiotte cresceu nas alamedas do clube, foi atleta do Palmeiras e tem lastro para ser o candidato. Mantém-se na oposição, mas não lança candidatura. Até o final da tarde, havia a expectativa de uma chapa oposta à candidatura única, que não se confirmou. Seria de ala extremista.

Um dos compromissos de Galiotte é a pacificação política do clube, o que consegue neste momento em função de seu nome e também da gestão de Paulo Nobre. "Estou no clube desde 1955 e não conheci uma gestão tão transparente quanto a de Paulo Nobre", diz o conselheiro Serafim Del Grande. Mas se Nobre indicasse outro nome à sua sucessão, não haveria tanto consenso. Maurício Galiotte precisará se confirmar como bom presidente. Mas é indiscutível sua capacidade de aglutinação do clube.

O sonho de pacificação do Palmeiras era tão forte a ponto de Luiz Gonzaga Belluzzo dar as mãos a Roberto Frizzo, candidato que derrotou nas eleições de 2009, em nome de uma união que jamais existiu. Desta vez, há entendimento. É sempre bom haver oposição, pela troca de ideias, desde que sejam discussões em bom nível. A candidatura única produz a pergunta se é bom ou ruim, pela ausência do debate: "Depois de tanto tempo buscando a pacificação, o clube merece esta chance", diz o presidente do Conselho de Orientação Fiscal, Carlos Della Monica.

Na história, antes de 1995 e 1999, com Mustafá Contursi, houve candidaturas únicas em 1970, quando Delfino Facchina deixou a presidência para seu adversário político, Paschoal Giuliano. E em 1981, quando o conselho julgou que Brício Pompeu de Toledo merecia um mandato completo depois de ter ocupado o cargo como tampão após a destituição de Jordão Bruno Sacomani, em 1978, e da morte de Delfino Facchina, em 1979.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.