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Coluna do PVC

Brasileirão entre o vandalismo e o corporativismo

PVC

24/10/2016 10h02

Nas redes sociais, explode a discussão sobre quem deve ser punido depois da briga do Maracanã. Estádio de Itaquera fechado para jogos do Corinthians, como o STJD fará? Ou mais punição ao Flamengo, mandante do jogo? Nenhuma das coisas resolve. Se resolvesse, as punições recentes, como o fechamento do setor norte de Itaquera e o impedimento de 20% dos estádios de Flamengo e Palmeiras, teriam dado resultado.

Esqueça quem deve ser punido.

É preciso resolver o problema. Simples assim!

O domingo do Maracanã espremeu o Brasileirão entre o vandalismo e o corporativismo. Nos últimos cinco anos, este colunista repetiu que o problema da violência estava mais fora do que dentro do estádio. É verdade, com brigas a 100 quilômetros de distância do local do jogo. Mas este campeonato registrou confusões dentro dos palcos de Flamengo x Palmeiras, Corinthians x Palmeiras, Flamengo x Corinthians, Grêmio x Internacional…

Os problemas de ontem começaram pela desorganização da chegada ao Maracanã. A responsabilidade não era do governo do Estado, nem dos clubes, nem do consórcio Maracanã S.A.. Havia filas como não se via há muito tempo. A irritação pode ter contribuído para os vândalos iniciarem a confusão com a polícia.

Depois, veio o revide dos policiais. Lembremos que o GEPE (Grupamento Especial de Policiamento nos Estádios) é a mais bem preparada polícia para o futebol. Mas também comete excessos.

É preciso criar constrangimento e prender os vândalos individualmente, como o GEPE tentou fazer depois da partida. Mandou tirarem as camisas para checarem as tatuagens. O pecado é que havia muito inocentes entre os detidos nas arquibancadas do Maracanã por três horas depois do final da partida.

Digamos que punir inocentes seja parte do custo para identificar 64 vândalos que devem ser presos e impedidos de entrarem nos estádios. A pergunta, então, é por que o GEPE só fez isso no dia em que um de seus policiais foi agredido? Por que nunca se viu esse tipo de cena, mesmo com abuso de autoridade, quando a agressão se deu ao cidadão sentado na arquibancada? Ou quando acontecem homicídios em quaisquer pontos das cidades, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Belo Horizonte… Por exemplo: em 2014 houve confusão na arquibancada de Fluminense x Vasco, no Maracanã. Só torcedores agredidos. O GEPE estava no Maraca e não foram vistas cenas como as de ontem.

É preciso acabar com o vandalismo e só as prisões são remédio.

O corporativismo não pode ser parte da bula.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.