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Coluna do PVC

Punições do STJD serão inócuas sem ações comuns com Justiça Criminal

PVC

25/10/2016 08h46

O presidente do STJD, Ronaldo Piacente, julga ter tomado uma decisão inédita ao tirar das arquibancadas as torcidas uniformizadas do Corinthians. É ingênuo. Proibir a entrada de torcidas uniformizadas com suas faixas e camisas nos estádios é medida repetida desde 1995. Sem seus símbolos, Gaviões da Fiel, Independente, Mancha Verde e Torcida Jovem sempre estiveram nos mesmos setores de seus estádios quando estiveram proibidas  de frequentar as tribunas.

Há uma diferença agora sutil: fechar o setor freqüentado pelos vândalos. Mas já houve sinais de que isso não funciona. Quando o setor norte foi fechado depois da briga de uniformizados coma Polícia Militar, no clássico contra o Palmeiras, o clube bloqueou as senhas da Gaviões e Estopim, mas diminuiu o preço do setor leste superior. Houve torcedores uniformizados incentivando o Corinthians contra o Cruzeiro no lado leste, mesmo com o norte interditado.

Foi também o caso da Mancha Verde, punida com o fechamento do gol norte pela briga entre palmeirenses e rubro-negros em Brasília, no primeiro turno. Depois da interdição do gol norte do Allianz Parque, a Mancha avisou pela internet e pediu para seus filiados que comprassem bilhetes no gol sul, do lado oposto. O Palmeiras cumpriu a punição. O problema é que a pena era inócua.

No caso da última interdição do setor norte de Itaquera reforçada ontem pelo STJD, há um constrangimento para a Gaviões. No próximo sábado, os ingressos para a partida contra a Chapecoense estão esgotados nos setores que poderiam ser comprados pelos uniformizados que têm a senha Fiel bloqueada. Ou comprarão bilhetes muito mais caros ou não irão ao jogo. Mas para os dois jogos restantes de 2016, contra Internacional e Atlético Paranaense, é possível repetir a estratégia do jogo contra o Cruzeiro. Aumentar o desconto no setor leste superior. É quase certo que haverá uniformizados lá contra Inter e Atlético Paranaense.

A repetição de experiências fracassadas no passado, mesmo que sutis mudanças desta vez, só poderá dar certo se houve combinação com punições individuais no âmbito criminal. Há listas de torcedores proibidos de entrar nos estádios, mas a fiscalização não consegue bloqueá-los nas catracas. As sentenças teriam de exigir o comparecimento em delegacias. Ou o STJD, CBF e entidades do futebol trabalham em conjunto com a Justiça Comum, ou a violência continuará existindo.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.