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Coluna do PVC

Há trinta anos, a maior final da história do Brasileirão

PVC

25/02/2017 10h04

Era o último lance da prorrogação, o Guarani vencia por 3 x 2 dentro do Brinco de Ouro e estava a segundos de comemorar seu segundo título brasileiro. Tinha Tite no meio-de-campo, Evair como centroavante, João Paulo, driblador nato, na ponta esquerda. O técnico era Carlos Gainete.

O São Paulo tinha sido construído timidamente, sem dinheiro, a partir de 1985. Time de garotos rapidamente se transformou no mais belo espetáculo do futebol brasileiro daquele período.

Gilmar repôs a bola em jogo apressadamente, com um chute longo. Pita, na intermediária desviou de cabeça e a bola caiu quicando, pedindo me chuta, como narra José Silvério. Careca encheu o pé. Rara felicidade, a bola acertou o ângulo do goleiro Sérgio Néri na última jogada da partida: 3 x 3.

O Guarani até hoje reclama de pênalti não marcado em João Paulo. Mas a decisão foi para os pênaltis. Careca, heroi da prorrogação, perdeu sua cobrança. Marco Antônio e João Paulo desperdiçaram.

O Brasileirão de 1986 teve seu final adiado para fevereiro de 1987, por causa de uma confusão nos bastidores. O Vasco, eliminado por um ponto ganho pelo Joinville na Justiça, caso de doping de um jogador do Sergipe, paralisou seu grupo e por duas semanas não se sabia o que aconteceria. A segunda fase deveria ter 32 clubes divididos em quatro grupos de oito. O regulamento mudou durante a competição, para abrigar tanto o Vasco quanto o Joinville. Passou a haver quatro grupos de nove clubes cada, 36 classificados para a segunda fase.

Por isso, a decisão só ocorreu em 25 de fevereiro, exatos trinta anos atrás. 

25/fevereiro/87

GUARANI 1 x SÃO PAULO 1

Local: Brinco de Ouro (Campinas); Juiz: José de Assis Aragão; Renda: Cz$ 4.222.000; Público: 37.370; Gols: Nelsinho (contra) 2, Ricardo Rocha (contra) 9 do 1o; Pita 1 do 1o da prorrogação, Boiadeiro 7 do 1o da prorrogação; João Paulo 5 do 2o da prorrogação, Careca 15 do 2o da prorrogação;

GUARANI: Sérgio Néri, Marco Antônio, Ricardo Rocha, Valdir Carioca e Zé Mário; Tite (Vágner), Tosin e Marco Antônio Boiadeiro; Catatau (Chiquinho Carioca), Evair e João Paulo. Técnico: Carlos Gainete

SÃO PAULO: Gilmar, Fonseca, Wágner, Darío Pereyra e Nelsinho; Bernardo, Silas 9Manu) e Pita; Müller, Careca e Sídnei (Rômulo). Técnico: Pepe

Na prorrogação: 2 x 2 – Pita 1 e Marco Antônio Boiadeiro 7 do 1o; João Paulo 2 e Careca 13 do 2 o; Nos Pênaltis: Guarani 3 (Tosin, Valdir Carioca e Evair) x São Paulo 4 (Darío Pereyra, Rômulo, Fonseca e Wágner). Erraram: Guarani – Marco Antônio e João Paulo; São Paulo – Careca

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.