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Coluna do PVC

A grande crise da Holanda

PVC

28/03/2017 11h17

Frank de Boer já foi sondado para ocupar o lugar de Danny Blind como novo técnico da seleção da Holanda. Recusou. Também não será Ronald Koeman, que parece ter esperança de ser o sucessor de Luis Enrique no Barcelona. Com isto, parece maior a possibilidade de Louis Van Gaal voltar a ser o treinador. O relato é do editor da revista holandesa Voetbol International, Tiemen van der Laan.

Van Gaal foi semifinalista da Copa do Mundo do Brasil, em 2014, mas não brilhou na seqüência de sua carreira, no Manchester United, apesar da conquista da Copa da Inglaterra de 2016, o primeiro troféu depois da saída de Alex Ferguson. Van Gaal ainda não se manifestou. Em tese, aposentou-se. Mas pode retornar.

Depois da Copa do Mundo, a Holanda já teve dois treinadores, fracassou na classificação para a Eurocopa e pode ficar fora do Mundial pela primeira vez desde 2002. Abaixo, Tiemen van der Laan faz a análise sobre as razões que trouxeram a Laranja para o caos:

Tiemen van der Laan

A demissão de Danny Blind era inevitável. Não havia maneira de ele consertar o time e Blind jamais mostrou habilidade para fazê-lo. Tudo começou no momento em que ele foi anunciado como sucessor de Guus Hiddink. Hiddink já havia fracassado como sucessor de Van Gaal depois do Brasil 2014. Mas ninguém realmente tinha nenhuma crença em Danny Blind, exceto Bert van Oostveen, o diretor responsável por sua contratação. 

Blind até então tinha apenas trabalhado como treinador por um curto período e sem sucesso no Ajax. No clube, ele também foi um fracasso.

O curioso é que ninguém jamais negou a Blind seu conhecimento em futebol e sua atualização sobre a parte tática. Apenas acontece que ele não consegue transferir esse conhecimento para ser treinador.

Ele não tem clareza nas suas decisões. Constantemente muda de ideia e não tem coerência no sistema que aplica nos jogos nem nos jogadores que convoca.

Neste período como treinador, Blind fez estrearem 16 novos jogadores. Gente demais.

O pior dos estreantes foi Matthijs de Ligt, que Blind decidiu que estrearia contra a Bulgária no último sábado. De Ligt tem 17 anos, é zagueiro central do Ajax, onde disputou apenas seis partidas como profissional. No Campeonato Holandês, disputou apenas dois jogos como titular. Em Sófia, ele foi envolvido nos dois gols da Bulgária e Blind teve de substituí-lo no intervalo. De Ligt agora está queimado e espero que se recupere, porque é um talento. Mas a seleção chegou cedo demais para ele.

Depois da derrota, Danny Blind admitiu seu erro. Esta não foi a primeira vez que ele tomou decisões estranhas e cometeu equívocos. Às vezes, Blind parecia fazer apostas, muitas delas com conseqüências desastrosas. Depois da derrota, Blind também declarou que precisava pensar se seria bom ou ruim sua permanência. Ele próprio tinha dúvidas. Esta declaração fez com que a Federação Holandesa tivesse certeza de que era o momento de demiti-lo. Também porque a torcida e a imprensa não tinham mais a menor confiança em seu trabalho.

Uma coisa precisa ser dita em seu favor. O maior problema de Danny Blind é o fato de que a Holanda não tem uma boa geração e um bom time neste momento. Robben é o único jogador de classe mundial. Mas se machuca com muita freqüência. Não há uma quantidade de jogadores decentes para escolher. Neste momento, há também alguns machucados e não há suficientes substitutos.

Blind poderia ter ajudado se, pelo menos, tivesse decidido por um plano de jogo e seguir com ele. Isto teria ao menos dado estabilidade à equipe. Mas Blind não fez nem sequer isto. Isto levou a uma quantidade de resultados ruins e à sua própria queda. Lembre-se de que nos últimos meses, a Holanda perdeu em fases de classificação para a Islândia, a Bulgária e a Turquia.

Os dirigentes ainda repetem que a opção será por um técnico holandês. Mas já há recusas de Frank de Boer e Ronald Koeman e não acredito que Giovanni van Bronckhorst fosse uma opção neste momento.  

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.