Palmeiras se transforma no segundo tempo. Não é relacionamento o problema
O primeiro tempo do Palmeiras contra o Peñarol foi uma tragédia.
O segundo, uma sinfonia.
A diferença não é apenas o desenho tático. Do 3-4-3 montado na primeira etapa, porque Eduardo Baptista pretendia bloquear os cruzamentos do Peñarol — e sofreu dois gols justamente de bolas cruzadas — para o 4-1-4-1 da segunda etapa, a diferença foi a aproximação dos jogadores. Na primeira etapa, Roger Guedes, Jean, Michel Bastos, todos recebiam solitários contra três marcadores uruguaios.
Na segunda etapa, o meio-de-campo agrupou-se. A porcentagem de passes errados caiu de 18% no primeiro tempo para 7% no segundo.
Mudou rápido. Em 17 minutos, o jogo perdido por 2 x 0 já estava empatado em 2 x 2. Em 27, o Palmeiras vencia por 3 x 2. Três passes para gols de Jean, vice-líder de assistências deste ano, com cinco. Dois gols de Willian, que entrou como ponta esquerda, mudou-se para a direita e consolidou-se como goleador da equipe no ano com 8 gols.
A virada e a festa nos gols, aliados à atuação pífia do primeiro tempo, indicam o verdadeiro problema do Palmeiras. Não se trata de crise de relacionamento. Há problema tático, muitas vezes. A este colunista, chegou informação do grupo de WhattsApp dos conselheiros sobre a suposta crise. Mas, depois de várias conversas, aqui não se chegou à conclusão de que há problemas de relacionamento. Quem tem convicção de que há problema, ponto.
Mas é curioso que sempre se diga que há problema de relacionamento no Palmeiras, quando o time perde.
No ano passado, com Cuca, havia um curto circuito por semana na Academia e o time foi campeão brasileiro. Em 1993 e 1994, os craques Edmundo, Evair e Antônio Carlos tiveram seus problemas e foram bicampeões paulistas e brasileiros. Time desunido também vence. Há inúmeros exemplos disto.
O primeiro tempo do Palmeiras indica que há problemas no Allianz Parque. São táticos. Não é preciso nenhuma D. R. para corrigir isso. É preciso treinar para o time se agrupar mais em campo e jogar sempre como fez na segunda etapa. O Palmeiras não vencia em Montevidéu havia 44 anos. Se jogar sempre como nos 45 minutos finais, pode ganhar Copa do Brasil, Brasileiro e Libertadores.
26/abril/2017
PEÑAROL 2 x 3 PALMEIRAS – 21h45
Local: Campeón del Siglo (Montevidéu); Juiz: Enrique Cáceres (Paraguai); Eduardo Cardozo, Juan Zorrilla; Gol: Affonso 12, Junior Arias 38 do 1º; Willian 4, Mina 17, Willian 27 do 2º; Cartão amarelo: Felipe Melo (13'), Nández (15'), Edu Dracena (59'), Michel Bastos (79')
PEÑAROL: 1. Guruceaga (5), 15. Petryk (6), 30. Quintana (5,5), 24. Villalba (5) e 27. Lucas Hernández (4); 22. Silva (6,5) (4. Angel Rodriguez 16 do 2º), 25. Nandez (6), 5. Novicky (5,5) (11. Nicolas Dibble 34 do 2º) e 7. Cristian Rodriguez (5,5); 9. Junior Affonso (6,5) e 26. Affonso (6,5). Técnico: Leonardo Ramos
PALMEIRAS: 1. Fernando Prass (6), 26. Mina (6,5), 3. Edu Dracena (6) e 4. Vítor Hugo (4) (8. Tchê Tchê, intervalo (6,5)); 2. Jean (8), 30. Felipe Melo (7,5), 18. Guerra (7,5) e 6. Egídio (4) (29. Willian, intervalo (8)); 25. Roger Guedes (6) (27. Keno 44 do 2º (sem nota)), 12. Borja (6) e 15. Michel Bastos (5,5). Técnico: Eduardo Baptista
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