Chelsea e Juventus inspiram linha de cinco da Ponte Preta
A Ponte Preta bloqueou o Atlético Mineiro com uma linha de cinco defensores, no estádio Independência. De tão rígida, a linha defensa montada por Gílson Kleina prendeu o Atlético fora da grande área e até mesmo o gol de Robinho, no primeiro tempo, nasceu de um raro escanteio no ataque ponte-pretano. A inspiração para o sistema de Kleina é Antonio Conte, campeão inglês pelo Chelsea e tri pela Juventus em 2012, 2013 e 2014, mentor da equipe e da formação tática que disputará contra o Real Madrid a final da Liga dos Campeões no próximo sábado, em Cardiff.
"Acompanho o trabalho do Antonio Conte há muito tempo e estou trabalhando este sistema há um mês, antes de implantá-lo contra o Atlético", diz Kleina. "Acho que no Brasil sou o primeiro a fazer isto."
O Palmeiras de Eduardo Baptista fez isso no primeiro tempo contra o Peñarol, em Montevidéu, e sofreu com a dificuldade de transformar a linha de cinco zagueiros no sistema híbrido semelhante ao que o Chelsea e a Juventus executam. Gílson Kleina sentiu exatamente a mesma dificuldade contra o Atlético. "O problema é que a gente bloqueava, mas não conseguia jogar."
Este é o segredo de Antonio Conte e de Massimiliano Allegri. Seus times se defendem num 5-4-1. Uma linha de cinco homens na defesa e outra de quatro no meio-de-campo com um atacante. Mas o sistema ofensivo é outro: 3-4-3. O risco é partir da ideia da defesa em linha de cinco. O correto é pensar numa equipe que ataque com sete jogadores, como o desenho do Chelsea mostra abaixo.
As setas em Moses e Marcos Alonso indicam que a ideia original é atacar num 3-4-3. Quando perdem a bola é que recuam e não o inverso. Defensivamente, a linha de Antonio Conte fica com Moses, Azpilicueta, David Luiz, Cahill e Marcos Alonso. A do meio-de-campo com quatro, Pedro, Kanté, Matic e Hazard. Os dois pontas, Pedro e Hazard, recuam. Na frente, Diego Costa volta marcando a saída de bola dos volantes.
No sábado, o Arsenal venceu o Chelsea na final da Copa da Inglaterra jogando exatamente no mesmo sistema. Holding, Mertesacker e Monreal como zagueiros. Monreal é lateral de origem, como Azpilicueta, no Chelsea. Bellerin, Xhaka, Ramsey e Chamberlain faziam a linha do meio, com Ozil, Wellbeck e Alexis Sánchez na frente. O 3-4-3 também se transformava em 5-4-1.
Em dezembro, o Manchester City tentou fazer o mesmo contra o Chelsea e deu-se mal. Na época, este colunista tratou do assunto na coluna Prancheta do PVC, na Folha de S. Paulo.
A diferença da Ponte Preta depois de um mês de treino neste sistema é que Kleina sentiu a dificuldade de fazer o efeito sanfona. Os laterais se transformam em alas e os alas em pontas, quando o time recupera a bola. E o contrário. Os pontas voltam para o meio e os alas para a linha de cinco defensores quando a equipe precisa defender-se. Como disse Kleina e como Eduardo Baptista vivenciou no Palmeiras contra o Peñarol, o risco é ficar preso na defesa, sempre no 5-4-1. O segredo é o efeito sanfona.
Abaixo você vê como a Ponte se plantou e não saiu do 5-4-1 enquanto tentou jogar no sistema sanfonado, similar ao de Antonio Conte e de Massimiliano Allegri. Nos anos 1990 e no início da década passada, o Brasil tentava jogar no 3-5-2 com um volante fazendo papel de terceiro zagueiro. A ideia era boa. Ter um bom jogador de meio-de-campo no papel de defensor para melhorar a saída de bola. Na prática, os técnicos brasileiros escalavam o pior meio-campista para ocupar a função de beque. A ideia ofensiva tornava-se defensiva. É o mesmo risco da aplicação do sistema 3-4-3 de Antonio Conte.
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