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Coluna do PVC

Reinaldo Rueda tem pouca chance de ser o técnico do Flamengo

PVC

07/08/2017 10h28

Em tempos de redes sociais, as críticas se espalham como uma onda e impedem o raciocínio limpo, sem vícios. Ninguém aqui vai defender a permanência de Zé Ricardo como técnico do Flamengo. Neste momento, é impossível. Mas volte ao passado e veja como antes das redes sociais (bem antes) era mais fácil preservar trabalhos.

Em 1977, Osvaldo Brandão foi demitido da seleção brasileira. Jornalistas dos anos 1970 costumavam dizer, em São Paulo, que dirigentes da CBD viam Brandão sem ambição e o símbolo disso era que comia macarrão com ovo. Crítica pessoal pesada e sem sentido. Cláudio Coutinho assumiu o cargo.

No Flamengo, recebia críticas também. Nos últimos cinco jogos do Brasileirão de 1978, o Flamengo levou 5 x 2 do Grêmio. Houve quem dissesse que o lateral-esquerdo da época, Júnior, não podia vestir o manto sagrado. Pode??? Depois da goleada, o Flamengo empatou com o São Paulo por 0 x 0, venceu o Coritiba no Maracanã, perdeu do América no Rio e do Noroeste, em Bauru.

No ano seguinte, levou 4 x 1 do Palmeiras, no Maracanã. Verdade que os resultados ruins de dois Brasileiros sucessivos se misturavam com o tricampeonato estadual. Cláudio Coutinho seguiu. Em 1980, foi campeão brasileiro.

Zé Ricardo não é Cláudio Coutinho. Não teria de merecer o mesmo destino, mesmo tendo trajetória parecida, de ter começado no Flamengo sem ter história como jogador. Diferente mesmo é a repercussão das redes sociais, que se espalham como se fosse uma onda. A confiança de Zé Ricardo estava claramente destruída. Sua insegurança piorou a situação e os resultados. Contra o Vitória, escalou um time diferente do que pensava. O time da arquibancada. Não funcionou e não foi por falta de ambição.

Depois de Zé Ricardo, a onda nas redes sociais pede Reinaldo Rueda. É precoce dizer quem será o treinador, mas os primeiros sinais de fumaça da direção indicam que não se confia em um treinador estrangeiro chegando no meio da temporada. Não é impossível, mas é improvável que Reinaldo Rueda seja o novo treinador rubro-negro.

Olha a onda…

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.