Topo

Coluna do PVC

Idolatria de Júlio César mostra que futebol não é feito só de números

PVC

29/01/2018 13h59

Júlio César está de volta ao Flamengo e pode-se discutir profundamente a contratação. Volta para três meses, em que receberá todas as justas homenagens, suprirá a ausência de Diego Alves, enquanto o titular não volta, mas poderá tirar espaço de César, goleiro-emergência de 2017, mas campeão da Copa São Paulo de 2011. Craque o Flamengo faz em casa. Goleiro também, como mostra a história de Júlio César, tricampeão carioca em 2001.

A observação pura de seus números mostra um resultado pobre, incapaz, em teoria, de formar um ídolo. Com Júlio César é diferente.
Foram 284 partidas pelo Flamengo, com 122 vitórias, 70 empates e 92 derrotas. Incríveis 388 gols sofridos, média de 1,36.

Alex Muralha jogou 77 vezes pelo Flamengo e sofreu 60 gols. Média de 0,77.

O número puro também mente, se não estiver contextualizado com a história. Júlio César é muito mais goleiro do que Muralha. Levou muito mais gols, porque à parte as campanhas do tricampeonato carioca de 1999 e 2000, como reserva de Clemer, e 2001, como titular no antológico jogo do gol de Petkovic, Júlio César foi responsável por evitar a humilhação suprema do rebaixamento.

Humilhações menores, Júlio César passou. Levou 5 x 1 do Vasco na final da Taça Guanabara de 2000, com Carpegiani como técnico, 1 x 4 do Fortaleza, 1 x 5 do Vitória, 6 x 1 do Atlético, jogo em que a torcida recebeu a delegação no aeroporto Santos Dumont a socos e pontapés, em 2004.

Mesmo assim, a torcida adora Júlio César. Porque ele salvava.

Ser ídolo do Flamengo é sinal de que os números não explicam tudo. Bem lidos, ajudam muito a interpretar as coisas. Não se deve abrir mão deles. Apenas ser bom senso para analisá-los.

Jogar no Flamengo por um salário simbólico, enquanto Diego Alves não volta, pode ser uma homenagem por um preço justo.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.