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Coluna do PVC

PSG segue tradição de sucesso lento dos novos ricos

PVC

07/03/2018 14h49

A capa do diário francês L'Equipe estampa a manchete Tout ça Pour ça (Tudo isto por nada), o que ilustra a frustração francesa com a derrota na Champions League.

Frustração francesa com Champions League é quase uma redundância. Porque foram os franceses quem a criaram, por meio do jornalista Gabriel Hanot, em 1955, e só a conquistaram uma vez, em 1993, com o Olympique de Marselha.

O clube do sul francês dirigido pelo senador Bernard Tapie ganhou na mesma temporada o pentacampeonato francês e o perdeu na justiça, por corrupção confirmada numa partida contra o Valenciennes. Atenção, a Uefa não retirou o título do Olympíque de Marselha na Champions League. Suspendeu-o pela corrupção na França e até hoje cogita-se um caso de compra de um árbitro numa partida contra o Sparta Praga, mas o troféu foi mantido.

Nos anos 1980, Paris teve o sonho de ganhar a Copa dos Campeões da Europa, quando a Matra do empresário Jean-Luc Lagardère comprou o Racing de Paris e projetou fazer do clube parisiense campeão europeu em cinco temporadas. Contratou jogadores de Copa do Mundo, como o uruguaio Francescoli e o alemão Littbarski. Na terceira temporada, desistiu.

O Paris Saint-Germain não merece a observação de que todo o esforço foi por nada. Ainda não. Na contratação de Neymar, o discurso era de um projeto de cinco temporadas. Pode vir a ser.

Só que, por enquanto, o Paris Saint-Germain repete o que houve com os dois outros exemplos de times comprados por megaempresários ou mega operações de dinheiro, que demoraram para cumprir seus objetivos. O Chelsea foi adquirido por Roman Abramovich em 2004. Ganhou o Campeonato Inglês em 2005, mas o sonho de conquistar a Champions só foi concretizado oito anos depois, em Munique, 2012.

O Manchester City passou a ser controlado pelo Sheik Mansour em 2008. Ganhou o Campeonato Inglês em 2012 e 2014, mas só chegou a uma semifinal de Champions League, em 2016, eliminado pelo Real Madrid.

O Paris Saint-Germain foi parte do sonho francês de ganhar a Champions League também no passado. Em 1995, chegou às semifinais e foi eliminado pelo Milan.

Este sim, um exemplo de sucesso depois da compra por um mega empresário. Silvio Berlusconi comprou o clube em 1986. Foi campeão italiano em 1988 e da Copa dos Campeões da Europa em 1989.

A grande diferença é que a camisa do Milan pesa.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.