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Coluna do PVC

A seleção recomeça bem

PVC

17/08/2018 11h17

Houve um tempo já não tão recente em que os presidentes da República faziam pronunciamentos, enquanto técnicos e jogadores concediam entrevistas coletivas. Os tempos viraram e o presidente mais contestado da história dá entrevista exclusiva à Folha de S. Paulo, enquanto o maior craque do país faz pronunciamento, com um texto de noventa segundos em que aparece 18 vezes a palavra eu.

Daí ser extremamente bem-vinda uma entrevista coletiva de convocação da seleção brasileira em que o treinador da seleção brasileira abre o encontro pedindo que se faça qualquer pergunta que se julgue relevante.

Tite estava mais tenso do que de costume. Natural. Ele respondeu sobre acertos e erros da Copa do Mundo que o Brasil terminou em sexto lugar. Falou também sobre acertos, sobre a necessidade de tomar decisões mais rápidas num torneio tão curto quanto a Copa do Mundo. Que ele está refletindo sobre o que deu certo e o que não deu certo, está claro. "Fiquei mais de quinze dias sem dormir direito e às vezes acordei tirando a mão do Courtois. Fiquei amargo, doído. Não consegui dar um abraço no Roberto Martínez."

Falou sobre futebol do ponto de vista tático, do jogo que se está jogando no mundo. Atual.

A nova seleção brasileira começa com sete jogadores que jamais haviam sido convocados. Com onze que não estavam na Copa do Mundo. Com injustiça em relação às semifinais da Copa do Brasil, porque Paquetá, Fágner e Dedé não jogarão, mas o Palmeiras não terá desfalques. O ideal não seria convocar Bruno Henrique, citado por Tite — mais um exemplo de que está vendo tudo, como é sua obrigação. O ideal seria não punir o Flamengo. Mas, nesse caso, punidos seriam Lucas Paquetá e a seleção brasileira.

De novo, caímos na esparrela do calendário. Quando, finalmente, a CBF conseguirá liberar as datas Fifa para que sejam só da seleção, sem os clubes serem prejudicados?

A ideia do ciclo dividido em observação até dezembro, preparação até a Copa América e olho aberto para a Copa do Mundo a partir daí é clara. Parece uma divisão bem feita do novo ciclo. Vai ser necessário enfrentar mais adversários europeus a partir de agora, dentro do que o calendário da Liga das Nações permitir.

Há critério. Por causa disso e por causa da clareza da entrevista coletiva de Tite, é justo dizer que o novo ciclo começou bem.

A CONVOCAÇÃO DA SELEÇÃO BRASILEIRA PARA OS AMISTOSOS CONTRA EL SALVADOR E ESTADOS UNIDOS
Goleiros – Alisson (Liverpool), Hugo (Flamengo), Neto (Valencia)
Zagueiros – Alex Sandro (Juventus), Dedé (Cruzeiro), Fabinho (Liverpool), Fágner (Corinthians), Felipe (Porto), Filipe Luís (Atlético), Marquinhos (PSG), Thiago Silva (PSG)
Meio-de-campo – Andres Pereira (Manchester United), Artur (Barcelona), Casemiro (Real Madrid), Fred (Manchester United), Paquetá (Flamengo), Coutinho (Barcelona), Renato Augusto (Beijing)
Atacantes – Douglas Costa (Juventus), Éverton (Grêmio), Firmino (Liverpool), Neymar (PSG), Pedro (Fluminense), Willian (Chelsea)

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.