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Coluna do PVC

Maracanã vazio não é culpa da torcida

PVC

09/10/2018 11h15

Na vitória por 4 x 0 sobre o Paraná, o Fluminense jogou pela sétima vez no Maracanã, pelo Brasileirão, para menos de 10 mil torcedores. Foi também a segunda vez que apresentou, diante de sua torcida, a camisa com o logotipo do DNA Tricolor, o novo programa de relacionamento do clube. Há mais de 80 mil cadastrados, mas boa parte da segue afirmando que o plano de sócios não dá benefícios suficientes. E pouca vantagem para quem quer acesso aos ingressos.

O Flu tem a 13a média de público do ano, atrás de Fortaleza, na Série B, e Ceará. À frente de Santos e Botafogo, mas turbinado pela bilheteria do Fla-Flu, a maior do país em 2018 (59.987 pagantes).

Não está bom jogar contra Corinthians, Grêmio e Paraná Clube para menos de oito mil testemunhas.

Principalmente, porque o nível de presença nos estádios do Brasil melhorou. Os 18 mil torcedores por jogo do campeonato continuam sendo ridículos, mas representam a maior média do Brasileirão desde 1987. O Flamengo tem 46 mil espectadores por partida. O Fluminense, 15 mil.

Não é culpa da torcida. Não dá para usar o chavão "o torcedor tem de apoiar."

O clube é quem vende o ingresso e tem de provocar o interesse no comprador. Não o inverso. Os planos de sócios torcedores trouxeram alguns benefícios a quem soube usá-los. Campeão brasileiro de 2005, com Tévez e Nilmar, o Corinthians levava 27 mil pagantes por partida. Em décimo primeiro lugar na tabela de 2018, o índice agora é de 28.600. O Palmeiras foi campeão brasileiro de 1994 com 14 mil no Parque Antarctica. Hoje tem 30 mil. Uma das receitas foi priorizar a venda de ingressos a quem comparece mais. Quem quer ver Palmeiras x Boca Juniors vai pagar preço justo e ter acesso ao bilhete com tranquilidade, pela internet, se tiver mais de 80% de presença no Allianz Parque.

No caso do Fluminense, o discurso surrado. Dirigentes afirmam que o Rio é diferente, porque a praia concorre com o futebol. Em Belo Horizonte, não tem mar, mas tem bar. Em São Paulo, você preferir ir ao cinema. Tudo concorre com o futebol. Mesmo assim, timidamente, a média de público melhora no Brasileirão.

Para o Fluminense e para o Botafogo, não.

A culpa não é de quem compra o ingresso. É de quem não tem estratégia para vender. O Fluminense tem torcida suficiente para encher as arquibancadas do Maracanã.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.