Especial Boca-River - Capítulo 3
ARGENTINA TRATA SUPERCLÁSICO COMO QUESTÃO DE ESTADO
O governo argentino trata a decisão da Libertadores, entre Boca Juniors e River Plate, como questão de estado. Há uma semana, o presidente da República, Mauricio Macri, concedeu entrevista ao vivo ao programa FOX Sports Radio, de Buenos Aires, e anunciou que haveria permissão especial para duas torcidas nos dois SuperClásicos. O projeto foi vetado durante a semana pela polícia e pela Justiça. Mas era desejo do governo federal.
Desde 2007, partidas de segunda e terceira divisões da Argentina são disputadas com presença exclusiva de aficionados do clube mandante. Em 2013, a procuradoria proibiu também a entrada dos fãs de dois clubes distintos em todas as rodadas do campeonato principal. A medida não reduziu o número de mortes. Nos dois anos sucessivos à proibição, houve pelo menos 40 mortes.
Atual presidente da República, Mauricio Macri declarou preferir que não houvesse final entre Boca Juniors e River Plate e que o perdedor demorará vinte anos para se recuperar. Mas, depois da definição dos finalistas, passou a fazer do futebol um cartaz de propaganda para o país, que sediará a reunião do G-20 no dia 28 de novembro. Promover dois jogos extraordinários, com festa e sem violência, tornará Boca Juniors x River Plate uma notícia positiva para o futebol no mundo todo. Será bom para a Argentina, consequentemente. A procura é pelo impacto midiático de um Real Madrid x Barcelona, mesmo que não seja visto em 200 países.
Antes de ser presidente da nação, Macri presidiu o Boca Juniors, entre 1995 e 2008. No período, contratou Diego Maradona e Claudio Caniggia, Fracassaram. Na seqüência, assinou com o treinador Carlos Bianchi, que montou a equipe de Riquelme, Palermo e Guillermo Barros Schelotto, bicampeã da Libertadores em 2000 e 2001. Bianchi venceu também a Libertadores em 2003 pelo Boca, já sem Riquelme, mas com Tévez e Delgado no ataque.
Embora a violência seja um capítulo freqüente do futebol argentino nos últimos trinta anos, foi há 50 o episódio mais trágico num River x Boca. No dia 23 de junho de 1968, segundo turno do Campeonato Metropolitano, o goleiro Amadeo Carrizo fez seu último SuperClásico e manteve o 0 x 0 com uma atuação de gala.
Na saída da torcida do Boca Juniors, pelo portão 12 do Monumental de Nuñez, ou as grades fechadas, ou os cassetetes da polícia — até hoje não há uma versão definitiva — provocaram o retorno de dezenas de xeneizes para as tribunas. A aglomeração provocou avalanches de pessoas caindo nos degraus das arquibancadas. Ao todo, 71 torcedores morreram, todas no setor separado para a hinchada do Boca Juniors.
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