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Coluna do PVC

Rodízio explica título do Palmeiras e queda do Flamengo

PVC

26/11/2018 15h24

Palmeiras e Flamengo voltaram da Copa do Mundo em posições inversamente proporcionais. O Flamengo era líder, nove pontos acima do Palmeiras, quando houve a paralisação para a Copa. Duas semanas depois, Felipão foi contratado. O Palmeiras estava em sétimo, oito pontos atrás. Mas, na seqüência ao Munbdial, houve um período de 59 dias com 18 partidas, tanto para rubro-negros, quanto palmeirenses.

Nesse espaço, o Palmeiras subiu para a liderança e o Flamengo desceu para a quarta colocação. Foram nove jogos mensais, por dois meses, em que Felipão escalou 24 jogadores diferentes como titulares e Maurício Barbieri, 25. Só que Barbieri usou nove jogadores mais de dez vezes, como titulares. Felipão só fez isso com cinco. Éverton Ribeiro foi titular 15 vezes nesse período. Dudu, 12.

O raciocínio não é explicação definitiva para dizer que o rodízio palmeirense e o cansaço pela repetição de jogos e viagens foi o diferencial deste ano para quem vivia na Academia ou no Ninho do Urubu. É apenas a segunda temporada com todas as competições sobrepostas. Todos estamos aprendendo sobre o sistema de disputa.

No ano passado, o ensinamento foi de que o Corinthians venceu porque não estava na Libertadores e foi eliminado precocemente da Copa do Brasil, antes do início do Brasileirão. Quando saiu da Sul-Americana, passou a ter só uma competição, e inverteu a tendência: colecionou todas as oito derrotas da campanha.

Neste ano, quando teve apenas uma competição, o São Paulo assumiu a liderança e depois a desperdiçou. Caiu para o quinto lugar. Enquanto isso, o Palmeiras, em três frentes, chegou às semifinais da Libertadores e da Copa do Brasil e conquistou o Brasileirão. Com os torneios sobrepostos, o Palmeiras disputou 26 partidas a mais do que o Boca Juniors, até ser eliminado na semifinal do torneio continental. São observações que podem ser usadas para entender se foram decisivas. O calendário castiga mais os brasileiros do que os argentinos. Isto é decisivo? Rodar mais o elenco como o campeão fez neste ano, ajuda a ganhara taça?

É justo que se discuta se houve ou não houve relevância.

O fato é que Felipão fez rodízio e o Palmeiras caminhou para o troféu. O Flamengo disputou 18 partidas com a mesma base, sempre com intervalos de três dias. Cansou. Diego Alves, Rodinei, Réver, Léo Duarte, Renê, Paquetá, Éverton Ribeiro e Cuellar jogaram mais vezes, naquele período de 59 dias, do que Dudu, Willian, Moisés, Lucas Lima, Borja, Deyverson, Mayke e Marcos Rocha. O Palmeiras esteve sempre mais descansado.

No final da campanha, o Flamengo passou a ter semanas inteiras de treino. Coincidiu com a troca de Maurício Barbieri por Dorival Júnior. O próprio Dorival Júnior declarou que o maior tempo para treinar ajudou a fazer a equipe crescer. O palmeirense Moisés também diz que a maior contribuição de Felipão para o elenco foi a capacidade de valorizar todos e promover o rodízio.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.