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Coluna do PVC

Público é a maior conquista do Brasileirão 2018

PVC

03/12/2018 11h22

O Barcelona perdeu 10% de seu público ao final da temporada 2017/18. Registou 68.830 espectadores por partida. No início da temporada 2018/19, o índice está voltando ao patamar anterior. Tem de novo a melhor média do Campeonato Espanhol: 76 mil. Ter atenção à queda foi fundamental para devolver as arquibancadas cheias ao Camp Nou.

Não há nível de comparação com o Brasileiro, que terminou no sábado com 18.873 pagantes por jogo. Exceto pela observação atenta que o dado exige. É o maior número de torcedores presentes aos estádios desde a Copa União de 1987. Em 31 anos, nunca tanta gente passou pelas bilheterias.

Uma das razões é a boa campanha do Flamengo. Trem pagador, o Flamengo sempre puxou para cima a média do Brasileirão. Mas, em 2009, quando foi campeão pela última vez, a média foi de 17.800. Também foi a melhor depois da Copa União, mas com mil pagantes a menos no índice geral, comparado com 2018.

A subida pode ser explicada, em parte, pelos planos de sócios torcedores de Palmeiras, Corinthians e São Paulo, que privilegiam quem vai a todas as partidas com preços justos. Se o bilhete médio do Palmeiras é de R$ 56, quem vai ao setor norte do Allianz Parque pode pagar ZERO, se pagar pelo plano Ouro, de R$ 119 mensais. Em média, dividindo a despesa mensal pelos quatro jogos no estádio num período de trinta dias, o custo por partida é de R$ 29.

A última rodada teve recorde de presença do campeonato, no Maracanã para Flamengo 1 x 2 Atlético Paranaense. Também o maior público da história do Allianz Parque.

A imprensa trata pouco destes planos. Preferimos dizer que o preço do bilhete cheio é superior a R$ 100, o que dá a falsa impressão de elitização. O dado objetivo é: há mais gente nos estádios. Ainda é insuficiente. Só que aumentou a presença. Pela primeira vez desde 1983, quatro clubes tiveram mais de 30 mil pagantes por partida: Flamengo, São Paulo, Palmeiras e Corinthians.

É preciso estudar, encontrar outras explicações, criar outras alternativas para que mais torcedores queiram ir aos jogos. Acabar com mitos como os de que o torcedor não vai por causa do horário, da chuva, do vento ou da praia. Dos dez maiores públicos do São Paulo no ano, os nove primeiros foram os mais caros. Diferente do Flamengo, cujo recorde de espectadores aconteceu com o preço mais baixo. Cada um precisa conhecer e compartilhar sua própria experiência. Abrir mão de verdades pré-concebidas e entender cada caso.

Se na história do futebol no Brasil, o torneio com mais público foi o Brasileiro de 1983, com média de 22 mil espectadores, é porque jamais houve grande afluência. O Flamengo disputou no Maracanã 296 partidas de Brasileirão. Em 32, registrou menos de 5 mil torcedores.

O mistério é que se fala em elitização, em violência, em nível baixo e pior média de gols em 28 anos. Mesmo assim, mais gente se interessa por ir ao estádio. O potencial para aumentar existe. Mas é preciso planejar e definir metas. Assim como o Barcelona caiu e recuperou 10% de público, o Brasileiro pode planejar a subida ano a ano, degrau a degrau, até chegar a, digamos, 25 mil por partida. A Itália hoje tem 24 mil. A Espanha, 26 mil. É viável. Basta trabalhar nessa direção.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.