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Coluna do PVC

O Maracanã rubro-negro entre o prejuízo e a euforia

PVC

04/02/2019 10h04

O Flamengo arrastou 122 mil torcedores a seus três primeiros jogos do ano como mandante, todos no Maracanã. Isso representa 280% a mais do que os 43 mil levados ao estádio na última temporada em que o rubro-negro escolheu o velho maior do mundo como palco. Em 2015, houve 13 mil pagantes contra o Barra Mansa, 10 mil contra a Cabofriense, 20 mil contra o Boavista. A atração era Marcelo Cirino, principal contratação daquele início de ano.

Desta vez, foram 43 mil pagantes para Flamengo 2 x 1 Bangu, 32 mil contra o Boavista, 46 mil contra a Cabofriense. A euforia rubro-negra justifica-se pelas contratações de Gabriel e De Arrascaeta, o preço médio de R$ 22 ajuda a encher as arquibancadas e os resultados expressivos arrastam mais multidões.

Como contraste, os borderôs apresentam prejuízos sucessivos ao clube ou lucros irrisórios. Contra o Bangu, a contabilidade indicou apenas R$ 13 mil como sobra da arrecadação superior a R$ 600 mil.

O Maracanã contesta os números apresentados nos borderôs. Perceba que não há nenhuma assinatura de nenhum representante do consórcio, que não avaliza as contas apresentadas pelo rubro-negro. Por exemplo, onde aparecem R$ 150 mil de contas de consumo, como luz e água, a direção do Maracanã afirma terem sido cobrados no máximo R$ 92 mil. Só aqui há uma sobra de mais R$ 58 mil a mais do que os R$ 13 mil justificados. A gestão do estádio diz também que há mais 40% das vendas de comidas e bebidas que vão para os cofres do Flamengo.

À parte a queda de braço entre o Flamengo e o governo do estado para solucionar de vez a concessão do maior palco brasileiro, o Maracanã virou uma febre como há décadas não se via. Desde 2010, a maior bilheteria em jogo contra time pequeno havia sido registrada na estreia de Ronaldinho Gaúcho, contra o Nova Iguaçu, no Engenhão, em 2011: 37 mil. A soma das três primeiras partidas do Flamengo em estaduais neste século só alcançou 100 mil em 2007 e em 2005.

Nem mesmo no Rio-São Paulo de 2002, quando havia encontros contra times grandes, o Flamengo levou tanta gente neste século. Naquela edição do torneio regional, foram 9 mil pagantes contra o Guarani, 14 mil contra o São Paulo e público não divulgado no vazio clássico contra o Botafogo.

Jogando no Maracanã, o Flamengo jamais terá a arrecadação do Palmeiras, no Allianz Parque, ou do São Paulo, no Morumbi. Mesmo com o acordo sacramentado no final da gestão Eduardo Bandeira de Mello. Na época, o CEO do clube, Fred Luz, declarou ter sido aquele o mais lucrativo acordo possível. "Há seis anos estamos em busca de um contrato semelhante a este", disse à época.

Não é o bastante do ponto de vista econômico. A relação pode ser cada vez mais harmoniosa entre as direções rubro-negras e do Maracanã, até que o Flamengo possa construir sua nova casa. Mas não é de se desprezar o fato novo criado pela torcida do Flamengo. Alguém dirá que o estadual não vale nada. De fato. O que vale muito é o Flamengo. É isso que a média de 40 mil, a maior do Fla em Camnpeonato Carioca neste século, está indicando.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.