Topo

Coluna do PVC

Tiki Taka tricolor mostra força contra Flamengo dos milhões

PVC

15/02/2019 00h05

O Fluminense deu 458 passes, com 92% de acerto, um terço a mais do que o Flamengo de Diego, De Arrascaesta, Éverton Ribeiro, Gabriel, Vitinho e Bruno Henrique. Há quarenta dias, ninguém cogitava. Não que Aírton, Bruno Silva, Danielzinho, Caio Henrique, Yony González e Everaldo não pudessem vencer o Flamengo. Muita gente não cogitava que eles soubessem passar uma bola. E, no entanto, o Fluminense é o time do passe certo.

O tiki-taka tricolor tem estilo. Abel é acusado pelos rubro-negros de retranqueiro. Reagiu na entrevista coletiva afirmando que não recuou. De fato, no campo, o que se viu foi o Fluminense empurrando o Flamengo para a defesa, mesmo que Abel trocasse meias e atacantes por outros das mesmas posições. Não escalou uma coleção de volantes. Trocou Bruno Henrique por Uribe, Diego por Vitinho, Éverton Ribeiro por De Arrascaesta.

E tiki-taka tricolor foi tricotando o meio-de-campo, empurrando o Flamengo para seu campo. O Fla-Flu foi de pouca emoção com bola no pé. Houve momentos emocionantes fora do gramado, pelas homenagens aos garotos do Ninho do Urubu. Abel perguntou quantas vezes o Fluminense finalizou. Dez. Duas a mais do que os rubro-negros. Mas a diferença era o passe. O controle da partida se dá pela imposição do estilo.

O Fluminense abre dois zagueiros pelos lados, recua Aírton na saída de bola e atrai o adversário. O Flamengo não se deixou atrair. Marcou meia pressão, na altura do meio-de-campo.

Quando atacava, muito mais na primeira etapa do que na segunda, o Fluminense mudava seu posicionamento tático. Bruno Silva é um volante que abre para marcar pela direita. Quando tem a bola, o tiki-taka é um 3-4-3. Quando defende, os laterais recuam. Nem sempre tem um 4-1-4-1.

Já houve equipes no Brasil com insistência de troca de passes que produziram até apelidos históricos. O maior deles, o Tico-Tico-no-Fubá, o América que disputou o Supercampeonato Carioca de 1946. Vencido pelo Fluminense. Na história tricolor, houve times que começaram despretensiosos, como o Timinho de 1951, apelidado assim por Paulinho Rodrigues, irmão mais novo de Nelson, que tratou do menosprezo dos rivais ao elenco de Telê, Castilho, Pinheiro, Orlando e Carlyle em inúmeras colunas de jornal.

Depois, em 1964, Tim dirigiu um Tricolor parecidíssimo na aparência despretensiosa, campeão carioca com os lançamentos de Joaquinzinho para Amoroso entrar em diagonal. Na década de 1980, Carlos Alberto Parreira ajudou o Fluminense a ser campeão brasileiro trocando passes sem parar. Com uma diferença fundamental: recuava quando perdia a bola. O tiki-taka tricolor avança para roubar no campo ofensivo. Como fez Caio Henrique no pé direito de De Arrascaeta, na jogada em que Aírton lançou Yony González e dele para Luciano marcar 1 x 0.

O Fluminense está na final da Taça Guanabara.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.