Leco garante Raí. São Paulo precisa de estabilidade
O presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, garante a permanência de Raí como diretor de futebol, apesar da turbulência cada vez maior, com grupos de conselheiros e torcedores pedindo a saída. Leco já tentou sustentar outras vezes, outros homens-forte do futebol, e sucumbiu à pressão. Não dá para garantir o que acontecerá se: 1. se o São Paulo não se classificar no Campeonato Paulista; 2. se Cuca começar mal sua trajetória no Morumbi.
Mas dá para cravar qual é a medida certa: Leco tem de manter Raí e Alexandre Pássaro. Não por terem tomado todas as decisões certas. Não tomaram. Porque o São Paulo precisa parar de mudar.
Uma observação recente do mercado de diretores executivos indica que os treinadores têm escolhido com quem quer trabalhar. Não há indício de que Cuca deseje mudar o diretor de futebol do São Paulo. Não conseguiu mudar no Palmeiras.
Mas a fragilidade do departamento de futebol do São Paulo evidencia-se pela quantidade de trocas. Foram oito dirigentes diferentes, em funções distintas desde que Leco assumiu a presidência tricolor, em 2015.
Houve dois vice-presidentes de futebol: Ataíde Gil Guerreiro e José Alexandre Médicis.
Quatro diretores de futebol: Rubens Moreno, Luiz Cunha, José Jacobson e Vinicius Pinotti.
Três diretores-executivos: Gustavo Vieira de Oliveira e Raí.
Ainda que as nomenclaturas possam ser diferentes em cada época, as funções se assemelhavam, assim como as ideias. José Alexandre Médicis chegou credenciado pelo bom trabalho nas divisões de base, que ajudou a levar ao título da Libertadores sub-20, em 2016. Não foi diferente o motivo da ascensão de André Jardine, treinador retirado do cargo após a eliminação na segunda fase da Libertadores.
São doze treinadores diferentes desde a queda do último campeão. Ney Franco foi demitido em 5 de julho e 2013, exatamente um ano depois de ser contratado. Desde então, só um treinador ficou de janeiro a dezembro do mesmo ano: Muricy Ramalho. Antes de Muricy, o último a permanecer do primeiro ao último dia de um ano foi… Muricy, em 2008. Não por acaso, Muricy foi campeão brasileiro, onze anos atrás, e vice-campeão, há cinco temporadas.
Ter doze técnicos em sete anos e nove diretores diferentes em quatro é auto-explicativo. Insegurança e incerteza não têm feito bem ao clube do Morumbi. Ninguém tem de se casar com um diretor. Apenas deixá-lo trabalhar, apontar o caminho, definir as metas e tentar cumpri-las num período de tempo determinado. Digamos que Raí e Alexandre Pássaro precisam ter, pelo menos, até dezembro.
Todo o resto é discussão de conselheiro acostumado a reunião de condomínio e não com planos estratégicos.
A maior mudança que o São Paulo pode ter, hoje em dia, é parar de mudar.
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