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Coluna do PVC

Saudade do artilheiro

PVC

26/02/2019 23h07

Dos 573 passes do Santos no empate por 1 x 1 contra o River Plate, do Uruguai, 58% aconteceram no campo de ataque.

É como o técnico Jorge Sampaoli deseja. Como filosofia, é perfeito. Querer ter a bola significa pressionar o adversário e, além disso, não correr o risco de sofrer o gol.

Carlos Alberto Parreira sempre foi adepto da posse de bola. A seleção de 1994 era assim. Com uma diferença fundamental em relação aos senhores da bola atuais. Sampaoli, Guardiola, Marcelo Bielsa cultivam outra característica que, combinada com o controle do jogo com bola no pé, faz muito bem à beleza do espetáculo: pressão. Parreira tinha ojeriza a tomar a bola no ataque, porque avançar as linhas significa correr riscos atrás.

Sem pressão, há momentos em que a troca de passes fica chata. O Santos teve 73% de controle da bola e chutou 15 vezes, mas só cinco delas com perigo. O Pacaembu vazio atrapalhou. Não tem importância diante do fracasso na tentativa de ter um título internacional neste ano. O Santos está fora da Copa Sul-Americana, porque empatou por 1 x 1 com o River Plate, do Uruguai. Gol de Mauro Da Luz para os uruguaios, Soteldo empatou para o Santos na reta final do jogo.

O Fluminense não gasta a bola. O Antofagasta. Com o perdão do trocadilho, o Fluminense troca passes insistentemente. Do total de 590 passes, o Fluminense trocou 57% no campo ofensivo. Finalizou 16 vezes, oito contra o goleiro Hurtado. Mesmo assim, não entrou na meta adversária.

Diferente do Santos, o Fluminense tem a segunda chance de classificação, no Chile, contra o quarto colocado do Campeonato Chileno.

Insistir na filosofia de Fernando Diniz é perfeito. Ter convicção numa maneira de jogar é fundamental. Não existe só um jeito de ganhar. Mas é preciso, aos poucos, ver a evolução da troca de passes para as finalizações certas. Historicamente, mostra o site Footstats, o Brasil não é o país onde a posse de bola leva aos títulos. O número de finalizações sinaliza mais troféus. Há exceções. O Fluminense de 1984, o Corinthians de 2002, ambos dirigidos por Parreira, tinham a troca de passes como filosofia, levaram a títulos relevantes.

Na terça-feira, o Fluminense homenageou seu maior goleador, Waldo, 319 gols, 403 jogos, entre 1954 e 1961. Na homenagem a seu maior goleador, o Tricolor mostrou seu estilo, mas ficou devendo gols.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.