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Coluna do PVC

Leco cria comissão fiscal do futebol. Integrante diz que crise é gigante

PVC

13/03/2019 13h04

A primeira providência do presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, para aplacar a crise política e o pedido de pelo seu impedimento, foi sugerir a criação de uma comissão, formada por integrantes da oposição, que tenham acesso às informações do departamento de futebol. Uma espécie de conselho do futebol, para ter certeza da idoneidade das negociações, como a de Diego Souza, motivo de discussões fortes na reunião no Conselho Deliberativo, pela descoberta de valores pagos acima dos que foram divulgados pela imprensa.

A comissão será formada pelos conselheiros Khalef João Francisco, Jayme Franco e Ferreira Alves. Os dois primeiros foram diretores de futebol nas décadas de 1980 e 1990. De Miami, onde está, Jayme Franco diz desconhecer a decisão: "É totalmente novo para mim. A crise é gigante. Não soube nada do que aconteceu na reunião. Soube apenas que foram apenas 70 conselheiros. Estarei de volta dia 18", disse Franco.

Jayme Franco, à esquerda na fotografia, foi diretor de futebol nas campanhas do bicampeonato paulista de 1980 e 1981. Khalef João Francisco era um dos diretores de futebol na época do bicampeonato mundial de 1992 e 1993. Ter dois veteranos diretores de futebol pode ser um problema, pelo risco de pensarem estar de volta ao departamento de maior visibilidade do clube. Leco responde assim a esta possibilidade: "Vamos ter de resolver na dinâmica do trabalho."

O São Paulo de hoje demonstra como a política de clube atrapalha a vida prática. Se o Conselho julga que há desonestidade, tem de pedir o impeachment. Não parece ser o caso. Não houve nem sequer representatividade no órgão deliberativo. Sinal disso é a frase de Jayme Franco, que afirma não saber o que houve, mas leu que só estavam presentes 70 conselheiros.

Se a discussão é por má gestão, também se caminha para o possível impedimento.

Nos dois casos, não cabe a quem faz oposição compor o conselho do futebol. A única explicação para isso é o jogo político.

A solução adotada apenas cria constrangimento para quem dirige o departamento de futebol: Raí e Alexandre Pássaro. Todo o processo de mudança do estatuto do São Paulo, três anos atrás, foi para tornar os departamentos estratégicos totamente autônomos e profissionais, distante da política dos corredores do Morumbi. Se o poder executivo do São Paulo julgar que o diretor de futebol não tem competência, demite. O que está em discussão não é isso. É o faz de conta de sempre das reuniões de condomínio, digo, de Conselhos Deliberativos.

A regra é clara. Raí é o diretor de futebol. Se no final do ano, os resultados não forem suficientes, troca. Se no meio do caminho se descobrir desonestidade, prove-se, demita-se e denuncie-se. Todo o resto é jogo político.

Jogo a sério, o São Paulo tem no próximo sábado (16), contra o Palmeiras.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.