Quando o Botafogo renasceu das cinzas para ser campeão
A iminente eliminação do Campeonato Carioca será confirmada nesta quinta-feira se o Botafogo não vencer a Portuguesa ou se a Cabofriense ganhar do Volta Redonda. Já sem nenhuma chance de classificação para as finais do estadual pela tabela geral, somadas Taça Guanabara e Taça Rio, a hipótese remota de estar na decisão é ganhar o segundo turno. Para isso, será preciso secar a Cabofriense, vencer Portuguesa e Americano, torcer pelo Fluminense no Fla-Flu e ainda assim tirar um saldo de sete gols em comparação com o Flamengo.
Ninguém aposta na classificação.
A história tem dois capítulos surreais de recuperação do Botafogo quando tudo estava perdido.
1968 – TAÇA GUANABARA – O Botafogo empatou por 0 x 0 com o Flamengo e o zagueiro rubro-negro, Onça, comandou volta olímpica. Isto porque para o Flamengo ganhar o torneio, que na época era independente do Campeonato Carioca, bastava empatar contra o Bonsucesso na quarta-feira seguinte. Mas Gonçalves e Morais marcaram para o rubro-anil e o Bonsucesso ganhou por 2 x 0. A Federação, então, chamou o Botafogo de volta para jogo extra contra o Flamengo. O esquadrão alvinegro de Rogério, Gérson, Roberto, Jairzinho e Paulo Cezar estava em excursão pelo país, retornou ao Rio e goleou o rubro-negro no Maracanã: 4 x 1. A Taça Guanabara somou-se ao título carioca daquele ano e aos dois torneios do ano anterior. As glórias reunidas são chamadas de BiBi. O ex-presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, se lembra que no 0 x 0 contra o Flamengo, no dia da volta olímpica do zagueiro Onça, o goleiro Cao salvou uma cabeçada de Fio Maravilha: "Fez uma defeesa à Gordon Banks", diz Carlos Eduardo Pereira.
FLAMENGO 0 x 2 BONSUCESSO
Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro – RJ)
Árbitro: Armando Marques
Flamengo: Marco Aurélio; Murilo, Guilherme, Onça e Paulo Henrique; Carlinhos, Liminha e Rodrigues Neto; Luiz Cláudio (Zezinho), Silva e Fio. Técnico: Válter Miraglia.
Bonsucesso: Ubirajara; Luiz Carlos, Jurandir, Paulo Lumumba e Albérico; Fifi (Moisés), Didinho e Gibira; Gilbert (Jair Pereira), Gonçalves e Morais. Técnico: Velha.
Gols: Gonçalves, 16′/1ºT (0-1); Morais, 44′/2ºT (0-2)
Público: 47.821 pagante
1990 – CAMPEONATO CARIOCA – O regulamento do Campeonato Carioca de 1990 em comparação com o dos anos anteriores. Os torneios dos anos 1980 eram definidos em triangular, entre os vencedores dos turnos, Taça Guanabara e Taça Rio, e o clube que somasse mais pontos na classificação geral. Se um campeão de turno fosse também o dono da maior pontuação, teria vantagem com ponto extra na decisão. Mas os três se enfrentariam em caso de triângulo. Em 1990, a Federação definiu que o melhor, no geral, esperaria o vencedor do duelo entre os ganhadores de turnos. Passou tão batido que deu confusão com Eurico Miranda não aceitando a decisão, o que causou a volta olímpica com a caravela vascaína. Antes, no meio do segundo turno, houve quem decretasse a eliminação alvinegra. Quando o Botafogo perdeu por 1 x 0 para o América de Três Rios, com sete pontos, estava decretada a impossibilidade de ganhar a Taça Rio. Depois da derrota, o alvinegro venceu Nova Cidade, Campo Grande, Itaperuna e Flamengo, sem sofrer nenhum gol. Enquanto isso, o Vasco, líder no geral, empatou com o Campo Grande e perdeu para o Bangu. Terminou com 31 pontos, um a menos do que o Botafogo. O resto da história foi o gol de Carlos Alberto Dias que levou o troféu a General Severiano.
BOTAFOGO 0x1 AMÉRICA-TR
Gol: Peão 89'
Competição: Campeonato Carioca / Estadual (Taça Rio)
Data: 11.04.1990
Local: Artur Ribas, Três Rios
Árbitro: Jorge Emiliano dos Santos
Botafogo: Ricardo Cruz, Paulo Roberto, Wilson Gottardo, Mauro Galvão e Gonçalves; Carlos Alberto Santos, Luisinho (Mílton Cruz / Berg) e Paulinho Criciúma; Donizete, Washington e Valdeir. Técnico: Eduardo Antunes Coimbra 'Edu'.
América-TR: Milagres, Murilo, Ari, Ricardo Balbino e Carlinhos; Simão, Maurício e Delei; Denílson, Sídnei (Peão) e Gino (Leonardo). Técnico: Ricardo Barreto
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