O dia em que descobri que sou míope
Hoje é dia 22 de maio.
Faz exatamente 31 anos.
O Campeonato Paulista de 1988 ainda estava na sua fase de classificação e jogavam São Paulo x Santos, no Morumbi.
Clássico às 17h de um domingo frio, chuvoso.
Saí de São Bernardo do Campo, onde morava, pouco depois do meio-dia. Nem esperei a transmissão da Bandeirantes, do Campeonato Italiano, porque o Milan tinha sido campeão uma semana antes, no dia 15, empatando contra o Como por 1 x 1.
O caminho era longo e a opção, ir de ônibus por 60 minutos, nos deixava no Shopping Morumbi. Depois, meia hora a pé até o estádio.
Lembro de meu amigo são-paulino, Rogério de Lima Carreon. Não sei quem mais foi nesse dia.
Sei que o primeiro tempo foi intenso e o Santos fez 2 x 0. Mendonça, ex-Botafogo, ex-Portuguesa, ex-Palmeiras, jogou muito. Marcou o segundo gol, de pênalti. Serginho fez o primeiro.
No segundo tempo… Bom, como acenderam os refletores naquele maio frio de 1988, as luzes brancas se espalharam e se juntaram à bola, também branca.
Quando saí do Morumbi, meus amigos são-paulinos execravam a atuação de Bernardo e nem adiantava eu dizer que César Sampaio seria um gigante. Eles só viam a atuação desastrosa de Bernardo.
Confesso que não avaliei e temi não estar vendo bem o futebol. Logo eu, que gostava tanto (até hoje…).
No dia seguinte, marquei consulta no oftalmologista. Ele decretou: quatro graus de miopia.
A bola branca se misturava à luz branca, à camisa branca do São Paulo, ao manto listrado branco e preto do Santos. Naquele dia, eu não vi nem a bola. Tudo ficou branco.
Ainda bem que era a miopia.
De futebol, ainda gosto de achar que eu entendo um pouquinho.
22/maio/1988
SÃO PAULO 0 x 3 SANTOS – 17h
Local: Morumbi (São Paulo); Juiz: Renato Marsiglia (RS); Renda: Cz$ 7.421.000; Público: 23.548; Gols: Serginho 33, Mendonça (pênalti) 36 do 1o; César Sampaio 43 do 2o
SÃO PAULO: Rojas, Zé Teodoro, Adílson, Daryo Pereyra e Nelsinho; Bernardo, Pita e Ney (Raí); Muller, Lê e Sídney (Renatinho). Técnico: Cilinho
SANTOS: Rodolfo Rodriguez, Heraldo, Celso (Davi), Nildo e Ijuí; César Sampaio, César Ferreyra, Luvanor e Mendonça (Édson Ampola); Serginho e Tuíco. Técnico: Geninho
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