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Coluna do PVC

Brasil x França lembra alguma coisa...

PVC

20/06/2019 18h10

Saía pelas ruas próximas a Ozoir-la-Ferrière, sempre pelas 2 horas da manhã. O caminho era para comprar um lanche e cerveja, depois do fechamento estressante das edições do diário LANCE!, durante a Copa do Mundo de 1998. Nos arredores de La Queue-un-Brie, os funcionários que faziam nosso lanche cuidadosamente queriam saber como a França ia se dar mal. Eram marroquinos, argelinos e tunisianos.

Torciam meio a favor, meio contra. Mas quando a França fez 3 x 0 no Brasil, não houve quem não dissesse a célebre frase: "Un, Deux, Trois, Zéro!" Se você não se lembra do significado, basta assistir de novo aos dois gols de Zidane e ao de Petit, para se lembrar: "Um, dois, três a zero!" Até hoje, os franceses repetem isso.

Legal seria se o Brasil tivesse desenvolvimento de futebol feminino para chegar à final contra a França. Não por vingança. Mas por prazer. Mesmo que elas fossem melhores e de novo fizesse "trois, zero."

O futebol feminino se desenvolve e surpreende mais rápido do que o masculino. E olhe que entre os homens há seleções que evoluem rapidamente. Criticamos Zagallo por sua auto suficiência, de 1974, quando tratou a Holanda como um simples "tico-tico-no-fubá." Hoje, Cléber Xavier diz que Venezuela e Catar podem surpreender. Surpreendem mesmo. Porque todo mundo joga nos mesmos lugares e tem acesso aos mesmos treinos, às mesmas informações.

Entre as mulheres, é mais rápido ainda. A França não era forte. Agora é. A Itália não era forte. Agora é campeã de um grupo com Austrália e Brasil. O Japão não era nada. Virou campeão do mundo. A França hoje é favoritíssima contra a seleção de Marta. Tem Wendy Rénard, Le Sommer, Augustine Henry. Já não é Trois, Zéro. Porque tem Cristiane e Marta… E pode ter Ludmila, Thaísa, Tamires…

Tirar a França da Copa do Mundo dentro da sua casa não será uma vingança 21 anos depois. Seria apenas um símbolo de que se pode fazer futebol no Brasil melhor do que se faz, tanto entre as mulheres, quanto entre os homens.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.