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Coluna do PVC

Quem vai tentar o tricampeonato é a seleção peruana

PVC

03/07/2019 23h31

Repare no escudo da seleção peruana acima do escudo usado na campanha da Copa América. Há duas estrelas douradas, símbolos dos dois troféus sul-americanos conquistados pelo país, muito antes de o Chile sonhar em ter uma geração bicampeã. O Peru ganhou com Lolo Fernández como goleador, em 1939, e com Teófilo Cubillas, como craque, em 1975. Na segunda campanha vitoriosa, eliminou o Brasil nas semifinais. Venceu no Mineirão por 3 x 1, perdeu em Lima por 2 x 0 e foi à decisão no sorteio.

Por décadas, esqueceu-se de que o futebol peruano era um pouco do que atualmente é o colombiano: técnica e habilidade. A desorganização da federação local matou o país por muito tempo. Não que o Peru seja como a Argentina ou o Brasil, mas já foi a quarta força do continente.

A organização de Ricardo Gareca faz voltar a surpreender. Depois da goleada contra o Brasil, em Itaquera, duas semanas atrás, um jornalista do país fez um longo discurso e entregou a resposta a Gareca. O treinador respondeu: "Não posso responder nada. Você já decretou o que aconteceu, já determinou que estamos eliminados. Não tenho o que responder. Você não fez pergunta. Fez um comentário." A seleção peruana classificou-se como um dos terceiros colocados.

Ganhou do Uruguai defendendo-se, venceu o Chile atacando em vários momentos. Mudou taticamente. Carrillo passou a ser titular e oferecer velocidade pela direita. Edinzon Flores tornou-se titular. Gareca deixou a equipe mais compacta, com as substituições de Farfán e Polo por Carrillo e Flores. Com isso, Cueva ganhou liberdade. Virou segundo atacante. Fora Guerrero, é quem tem menos responsabilidade de marcação.

Não será uma final fácil. Não é de se imaginar a repetição dos 5 x 0, até porque o Brasil sofreu nos primeiros dez minutos, antes de Daniel Alves clarear o jogo com uma linda jogada e um chute espalmado por Gallese e, na cobrança de escanteio, Casemiro ter marcado 1 x 0. Não fosse o gol rápido, talvez a dificuldade brasileira fosse maior. A seleção tem enorme chance de ganhar a Copa América se levar o adversário a sério.

Domingo, será a quinta atuação do Peru contra o Brasil, no Maracanã. Perdeu nas quatro últimas oportunidades, em 1957, 1966, 1969 e 1978.

Quarta-feira, 3/julho/2019

CHILE 0 x 3 PERU – 21h30

Local: Arena do Grêmio (Porto Alegre); Juiz: Wilmar Roldán (Colômbia); Gols: Edinson Flores 21, Yotún 38 do 1º; Guerrero 46 do 2º; Cartão amarelo: Advíncula, Pulgar, Sagal

CHILE: 1. Arias (4), 4. Isla (5), 17. Medel (6), 3. Maripán (5) (9. Castillo 44 do 2º (sem nota)) e 15. Beausejour (4,5); 13. Pulgar (5), 20. Aránguiz (6,5) e 8. Vidal (5); 6. Fuenzalida (5) (22. Sagal, intervalo (4)), 11. Vargas (4) e 7. Alexis Sánchez (5). Técnico: Reinaldo Rueda

PERU: 1. Gallese (8), 17. Advíncula (7,5), 15. Zambrano (6), 2. Abram (6) e 6. Trauco (6,5); 13. Tapia; 18. Carrillo (14. Polo 26 do 2º (5)), 8. Cueva (6,5) (7. Ballón 35 do 2º (sem nota)), 19. Yotún (6,5) e 20. Edinson Flores (7) (23. Christopher González 5 do 2º (5)); 9. Guerrero (7). Técnico: Ricardo Gareca

Vargas perdeu pênalti de cavadinha, Gallese pegou, aos 49 do segundo tempo.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.