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Coluna do PVC

Neymar começa a guerra

PVC

08/07/2019 15h44

Água, morro abaixo, fogo, morro acima, e jogador de futebol quando quer ir embora, ninguém segura.

A adaptação de um ditado machista parece muito mais justa quando usada para jogadores de futebol.

Desde que Ronaldo, o Fenômeno, decidiu deixar a Internazionale, logo depois de ser campeão mundial pela seleção brasileira e de dois anos praticamente sem jogar pelo clube que lhe pagava os salários em dia, enquanto se recuperava de suas mais graves lesões. Assim que teve condições de voltar a retribuir o esforço da Inter, Ronaldo deixou claro que pretendia jogar pelo Real Madrid.

Ganhou a briga.

 

 

 

 

 

 

Neymar não conquistou nenhum título pelo Paris Saint-Germain em campo. As campanhas vitoriosas de que participou terminaram com o craque assistindo de longe, às vezes de Mangaratiba, no estado do Rio de Janeiro, por causa de suas lesões. O Paris Saint-Germain cumpriu sua obrigação: pagou os salários.

E Neymar fez o que podia, enquanto as lesões tiraram-no de campo.

Agora, quando pode voltar a jogar, decidiu sair. Como você já leu aqui, muita gente apostava que Neymar voltaria aos treinos, mas havia quem cravasse que ele abriria a guerra.

Abriu.

Como não há multa de rescisão no contrato que Neymar assinou, o único jeito de sair do Paris Saint-Germain é não renovar e esperar pelo fim do acordo ou tentar sair na base da pressão, a escolha evidenciada pelo craque neste dia 8.

A lógica do ditado adaptado é que o jogador ganhe a briga.

A única exceção recente aconteceu com o próprio Paris Saint-Germain. Em 2017, Verratti não voltou aos treinos, acertou salários com o Barcelona, deixou claro que queria ir embora e o PSG resistiu tanto, que Verratti renovou o contrato. Ficou.

Ocorre que, naquele caso, havia um fator extra: Verratti queria jogar com Neymar. E Neymar deixou o Barcelona, quando Verratti estava se transferindo para a Catalunha.

Desta vez, não há fator extra. Há a vontade de Neymar e a vontade do Paris Saint-Germain.

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.