A nova velharia do Palmeiras
Há dez anos, havia um consenso de que os períodos de seca do Palmeiras tinham a ver com a absoluta incapacidade de seu Conselho Deliberativo modernizar-se. Em dez anos, houve pelo menos 30% de renovação e rejuvenescimento dos conselheiros. Mas apenas na idade.
A deplorável sessão do Conselho, que definiu a suspensão de 12 meses de Genaro Marino, candidato da oposição na última eleição, e anunciou a renúncia de Paulo Nobre, é o sinal mais evidente de que continua havendo conselheiros pensando fazer parte de uma grande reunião de condomínio e sem nenhum preparo para lidar com o contraditório, como requer qualquer processo democrático.
No início da sessão, Savério Orlandi propôs um destaque. Esclareceu que o artigo 47 do estatuto prevê a razoabilidade da pena de acordo com os serviços prestados ao clube. Com base nisso, o pedido para que se avaliasse a transferência da pena de suspensão para advertência. Ora, não se discute os serviços prestados por Genaro Marino ao clube.
Muito menos de Paulo Nobre!!! Precisa fazer mais do que ele fez para se considerar seus serviços prestados??? Verdade que Paulo Nobre seria advertido, se não renunciasse. Mas nem isso merecia.
A tese de Savério Orlandi tocava também no fato de que a proposta de contrato com a Blackstar não trouxe prejuízo ao clube, porque não houve contrato nem influência no processo eleitoral. Houve apenas uma proposta para ser avaliada.
O presidente do Conselho Deliberativo, Serafim Del Grande, uma espécie de Ulysses Guimarães do Parque Antarctica, por sua luta pela democracia no passado, nem sequer levou em consideração o destaque. Também reagiu com rispidez ao alerta de que o estatuto exige quórum qualificado (143 votos) para punições deste tipo. No Conselho Deliberativo, ficou a ideia de que a votação seria por maioria simples e, quem quisesse, que fosse à Justiça.
Pois o caso terá recurso para a suspensão de Genaro Marino. Só não será o mesmo com Paulo Nobre, porque o ex-presidente renunciou.
Qualquer grande clube brasileiro, qualquer grande empresa, tem de contar sempre com seus melhores quadros. Seja na situação, seja na oposição. Prescindir do debate com Paulo Nobre e Genaro Marino é demonstração de falta de argumento. O Palmeiras perde e mostra que seu novo conselho só não é idoso, mas continua velho.
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