Um clássico para Cuca
Cuca foi o antecessor de Jorge Sampaoli no Santos. Assumiu o lugar de Jair Ventura, na Vila Belmiro, na 16a rodada do Brasileirão. Doze jogos depois, estava em sétimo lugar. Do atual elenco líder do Brasileirão, Cuca contava com jogadores como Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, Gustavo Henrique, Alisson, Diego Pituca, Carlos Sánchez, Derlis González, Sasha… Não tinha Soteldo, Aguilar, Éverson e Jorge, dos prováveis titulares do San-São deste sábado.
Mas o Santos possuía Gabriel, Bruno Henrique e Dodô. Não era mau.
Depois de se manter em sétimo lugar até a 32a rodada, o desgaste com a diretoria, o aparente desânimo com a situação sem crescimento na Vila Belmiro e a certeza de que não havia mais risco do rebaixamento fizeram o time desabar. Terminou em décimo.
O trabalho de Cuca no Santos foi bom. Não tanto quanto o de Sampaoli. O argentino sempre foi brilhante, desde a Universidad de Chile. Sempre com incrível vocação para fazer seus times atormentarem os adversários desde a saída de bola, marcarem com agressividade e rodarem de modo a confundir os zagueiros rivais.
Cuca teve momentos assim em clubes como o Botafogo, de 2007, o Cruzeiro, vice-campeão brasileiro de 2010, ou o Palmeiras, escalado num 4-3-3 e campeão brasileiro de 2016. No São Paulo, ainda não.
Mas é inquieto de um jeito que permite enxergar o que outros não enxergam nos jogos. Cuca não gosta que digam que marca homem a homem. Mas faz do encaixe de seus marcadores uma das características de seu jogo. Bola recuperada, rotatividade e velocidade. Nesse quesito pode estar sua estratégia para frear o Santos de Sampaoli e fazer o que não fez ainda no Brasileirão.
O Santos tem o maior número de finalizações e de finalizações certas do torneio. O São Paulo é o décimo-segundo que mais finaliza e o oitavo no alvo. O Santos é o líder de desarmes. O São Paulo está em nono lugar nesse critério. O Santos é o segundo em posse de bola. O São Paulo está em décimo-segundo. O Santos é o líder do Brasileirão. O São Paulo está em sexto. Mas o time de Cuca tem a defesa menos vazada, dois gols sofridos a menos do que o de Sampaoli, segundo melhor ataque.
A estratégia para Cuca pode começar do sistema defensivo e de sua marcação de encaixe. Só vai funcionar a ponto de vencer o líder se o ataque for envolvente quando tiver a bola, mesmo que por menos tempo do que seu rival. Cuca não está, hoje, no nível de Sampaoli. Ninguém está. Mas é estrategista. O clássico é uma oportunidade para nos fazer lembrar disso.
Abaixo, uma possibilidade de marcação do São Paulo, para tentar parar o Santos de Sampaoli. O homem livre para o contra-ataque seria Antony, às costas de Jorge. Os times prováveis, abaixo, são:
São Paulo: 1. Tiago Volpi, 2. Igor Vinicius, 3. Bruno Alves, 5. Arboleda e 6. Reinaldo; 13. Luan; 39. Antony, 15. Hernanes, 28. Tchê Tchê e 7. Pato; 21. Raniel
Santos: 1. Éverson, 28. Lucas Veríssimo, 26. Aguilar, 6. Gustavo Henrique e 3. Jorge; 21. Diego Pituca; 4. Victor Ferraz, 7. Carlos Sánchez, 36. Felipe Jonathan e 10. Soteldo; 27. Sasha.
O encaixe teria Hernanes à espera de Jorge, com Luan vigiando a Felipe Jonathan e Raniel voltando para o combate ao primeiro volante, homem de bom passe, se for Diego Pituca o escolhido de Sampaoli. Pato, se for marcado por Lucas Veríssimo, terá um duelo particular. Com a proteção à subida de Jorge, Antony fica para o contra-golpe. Nada disso é certo. Apenas um desenho possível do clássico das 17h.
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