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Coluna do PVC

Palmeiras já reagiu e já sucumbiu em crises como a atual

PVC

02/09/2019 13h52

Felipão estava virtualmente demitido depois de perder a semifinal do Campeonato Paulista para o São Paulo, em 1998. Não apenas pela derrota para o rival, mas porque fechava uma campanha que teve goleada sofrida para o Mogi Mirim por 4 x 1, no Parque Antarctica, e gol contra de Oséas, no clássico contra o Corinthians. Além disso, dois dias antes de ser derrotado pelo São Paulo por 3 x 1, e eliminado do estadual, Felipão agrediu o repórter Gilvan Ribeiro, do Diário Popular.

A Parmalat demitiu o diretor de esportes, Paulo Russo, e contratou Paulo Angioni. O novo diretor viajou de carro do Rio de Janeiro para São Paulo, chegou ao seu hotel às 19h, e foi levado às pressas para a Academia de Futebol, para ser apresentado aos jogadores. No dia seguinte, no Parque Antarctica, o Palmeiras empatou com o Santos no jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil. Na soma das partidas do ano, eram 15 vitórias, 9 empates e 6 derrotas.

O presidente Mustafá Contursi queria demitir Felipão. O presidente da Parmalat, Gianni Grisendi, contratou Paulo Angioni com a missão de manter o técnico. A multa era alta e o investimento foi grande, para tirar Felipão do Jubilo Iwata, do Japão. Mas o time não engrenava, os jornais falavam de desavenças entre o técnico e parte do elenco, parecia não ter volta. O Palmeiras empatou com o Santos o jogo de volta da Copa do Brasil, perdeu do Cruzeiro a primeira partida das finais e venceu o Cruzeiro na decisão do mata-mata, com gol espírita de Oséas no último instante: "O ponto da virada foi o gol do Oséas", diz Paulo Angioni.

Há situações inexplicáveis. Felipão virou o que parecia ser sua inevitável demissão para ser campeão da Copa do Brasil e da Libertadores do ano seguinte.

A vida do Palmeiras tem momentos mais difíceis. Reviravoltas inacreditáveis. Com Felipão, de campeão da Copa do Brasil de 2012 à beira do rebaixamento, dois meses depois. Também com outros treinadores.

"Perdi o Erasmo e perdi o campeonato." A frase foi dita pelo técnico Paulo César Carpegiani, no programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, em 1999. Respondia à lesão do meia Erasmo e à queda na classificação no Brasileiro de 1991. O Palmeiras liderava o Brasileirão a seis rodadas do final da fase de classificação, e terminou em sexto lugar, fora das semifinais. Líder no dia de 8 de abril, depois de vencer o Bahia, o Palmeiras empatou com Vitória, Botafogo, Vasco, Santos e Internacional, perdeu do Cruzeiro, e fechou a campanha em sexto lugar. Os quatro primeiros foram para as semifinais e o São Paulo foi campeão. Carpegiani foi demitido, Nelsinho Baptista contratado, e o Palmeiras fechou o ano, em dezembro, sem nenhum título.

A mais recente virada inexplicável na história do Palmeiras aconteceu com Muricy Ramalho. Em 2009, o Palmeiras liderava com cinco pontos de vantagem sobre o segundo colocado, na 27a rodada. No jogo seguinte, empatou com o Avaí por 2 x 2, no Parque Antarctica. Depois, perdeu do Náutico, no Recife, e do Flamengo, no Parque Antarctica, por 2 x 0, show de Petkovic. Depois dessa derrota, o Flamengo subiu para o quinto lugar e ainda ficou seis pontos atrás do Palmeiras, em primeiro.

A derrocada seguiu com derrota para o Santo André, vitória sobre o Goiás, empate contra o Corinthians, derrota para o Fluminense, empate com o Sport, queda contra o Grêmio, vitória sobre o Atlético e derrota para o Botafogo. Da liderança, o Palmeiras caiu para quinto lugar e ficou fora da Libertadores.

De histórias, os livros estão cheios e as experiências podem ajudar a entender o que provocou as derrocadas ou as viradas. Dá tempo de entender. Por ora, o Palmeiras entende que não está na mudança de técnico, nem de diretor de futebol, a receita para sair da crise.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.