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Coluna do PVC

Há 36 anos, Santos foi vice com um ponto a mais do que Flamengo campeão

PVC

13/09/2019 08h03

Flamengo x Santos fizeram da decisão do Campeonato Brasileiro de 1983 a partida com maior público da história do torneio: 155 mil pagantes. Assim como arrastarão multidão ao Maracanã no próximo sábado (14), para definir o campeão do primeiro turno de 2019. Aquele Brasileirão de 36 anos atrás começou com virada de mesa. Por terminar o Paulista de 1982 na modesta nona colocação, o Santos teria de disputar a Taça de Prata, a Série B da época. Uma manobra de bastidores do presidente Milton Teixeira permitiu a entrada do Santos na Taça de Ouro, inaugurada com clássico no Maracanã, contra o Flamengo, na primeira rodada.

Com gols de Zico e Baltazar, o rubro-negro venceu por 2 x 0, diante de 68 mil torcedores. Um mês depois, também pela fase de grupos, o Santos venceu o Flamengo no Morumbi tomado por um dilúvio, por 3 x 2, diante de 111.111 pagantes. Aquele Brasileirão era mesmo um milagre de público, com 15% de aumento em comparação com o ano anterior, em que o Flamengo foi campeão com média de 62 mil por jogo.

Da virada de mesa à decisão no mesmo ano, o Santos usou uma política de contratações extremamente agressiva. Tirou Serginho Chulapa do São Paulo, Paulo Isidoro do Grêmio, descobriu o volante Dema no Comercial-MS, juntou-os a Pita e João Paulo, já na Vila Belmiro. O Flamengo manteve a base campeã do mundo, sem Tita, emprestado ao Grêmio, sem Nunes e com as revelações Élder e Júlio César Barbosa, nas pontas. Teve também problemas no meio-de-campo, como Andrade e Vítor, que conviveram com lesões durante a campanha.

As variações viraram oscilações e desânimo da torcida. Em março, o Flamengo venceu o Tiradentes-PI por 2 x 0, no Maracanã, diante de 6 mil torcedores. Paulo César Carpegiani caiu logo depois dessa partida, substituído primeiro por Carlinhos, interinamente, depois por Carlos Alberto Torres. Dos 26 jogos, o Flamengo perdeu cinco. Duas vezes para o Santos, uma para o Palmeiras, no Morumbi, uma para o Athletico Paranaense, em Curitiba, e outra por 4 x 1 para o Corinthians, no Morumbi.

O Santos perdeu na estreia e na finalíssima, contra o Flamengo, e para o Vasco, no Maracanã, por 2 x 0, na fase oitavas-de-final. Chegou à decisão com um ponto a mais do que os rubro-negros e venceu o jogo de ida por 2 x 1, no Morumbi. Pita marcou 1 x 0 e Serginho, de cabeça, marcou o segundo. Enquanto comemorava o gol, Serginho foi atingido por um rojão e precisou de atendimento fora do campo. Em meio à festa e à preocupação, a defesa do Santos ficou desatenta e Baltazar marcou 2 x 1.

Esse gol permitiu ao Flamengo jogar por vitória por 1 x 0 no Maracanã, para levar a final para a prorrogação. Zico fez o primeiro gol aos 4o segundos e Leandro, de cabeça, marcou o segundo antes do primeiro tempo terminar. Da vantagem antes do início da decisão, o Santos passou a precisar de um gol para ir ao tempo extra. Não conseguiu e Adílio completou jogada de Robertinho. Fez 3 x 0, nos minutos finais da partida.

Por mais que existam muitos clássicos inesquecíveis entre Flamengo e Santos, nenhum é tão marcante quanto a final de 1983. O Flamengo foi campeão com 35 pontos e o Santos terminou em segundo lugar com 36. Um ponto a mais na classificação geral e o vice-campeonato na conta. Sabe-se bem por quê. Não era pontos corridos e o mata-mata permitia o campeão com menos pontos. Também porque aquele Flamengo, mesmo em processo de reforma, era muito especial.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.