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Coluna do PVC

Com sete convocados para a seleção, passou do tempo de respeitar Data Fifa

PVC

21/09/2019 06h38

Tite convocou sete jogadores de clubes brasileiros como já fez em suas duas primeiras listas, em 2016.

Pela segunda convocação consecutiva, chamou seis jogadores ou mais para a seleção brasileira, que enfrentará Nigéria e Senegal nos amistosos de outubro. No passado recente, é mais comum do que parece ter um quarto dos convocados dos times da Série A do Brasileirão. Foi menos freqüente nas listas de Felipão, entre 2013 e 2014, mas mesmo com Dunga, a última chamada para a Copa América de 2016 reunia meia dúzia de jogadores que desfalcavam o principal campeonato do país: Rodrigo Caio, do São Paulo, Douglas Santos, do Atlético Mineiro, Elias, do Corinthians, Lucas Lima, Gabriel e Ricardo Oliveira, do Santos.

Três convocados santistas para uma competição que desfalcou a Série A por um mês.

Como agora o Flamengo terá dois jogadores na seleção em vez de disputando partidas do Brasileirão, contra Atlético Mineiro e Athletico Paranaense.

Na gestão Ricardo Teixeira, a lógica para não se adaptar ao calendário da Fifa era o fato de a maior parte dos convocados vir do exterior. A maioria vem mesmo, mas desfalcar o Brasileirão de seis jogadores para a seleção do Brasil é grave. Muitas vezes, duplicar ou até triplicar a lista com convocações para seleções do Paraguai (Gustavo Gómez e Derlis González), Peru (Paolo Guerrero), Colômbia (Berrio), Equador (Sornoza), Venezuela (Soteldo), Argentina (Kannemann), Uruguai (De Arrascaeta), Chile e Bolívia, mais grave ainda.

Tudo isso indica que passou da hora, há décadas, de respeitar o calendário de seleções.

Há sete anos, muita gente intuía que o Santos tinha de vender Neymar, porque o craque passava quase mais tempo na seleção do que no Santos. Ferida errada. O Flamengo investiu R$ 206 milhões para contratar jogadores de seleções do Brasil e do Uruguai. Há pouco tempo, tinha também jogadores das seleções do Peru e da Colômbia. É justo investir e poder contar com seus jogadores. A equação é simples: a CBF precisa respeitar o calendário de seleções.

A última vez que um clube europeu precisou jogar desfalcado de atletas convocados pro seleções foi nas eliminatórias de 1993.

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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