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Coluna do PVC

Com diretor de futebol político, Leco pode derrubar sua última bandeira

PVC

05/12/2019 10h02

Quando se elegeu presidente do São Paulo, Leco tinha três bandeiras prioritárias: transparência, finanças e profissionalismo. Embora a situação financeira seja estável, não dá para dizer que a dívida diminuiu. O portal da transparência não avançou e restou a profissionalização do clube.

Por profissionalismo, entende-se colocar pessoas de notório saber, como diz o estatuto, nas áreas estratégicas.

A possível indicação de Carlos Belmonte vai na contramão do profissionalismo. Nada contra o diretor do basquete tricolor, mas é o retorno aos cargos entregues a políticos de clube, conselheiros de carteirinha, da velha política da troca de favores e cargos por apoios em eleições que se parecem de condomínio.

Há dois dias, Leco disse a este blog que, por sua vontade, Raí fica no Morumbi. O problema é que, aos poucos, fica explícito que Leco pode convidar Raí para projetos especiais, como o avanço da formação da sociedade anônima. Provavelmente, Raí não quererá ficar num cargo que não é estratégico.

A possibilidade de ter um diretor de futebol político é um passo atrás. Também pode ser um tiro no pé, porque tenta agradar ao conselho deliberativo, mas pode desagradar a todas as correntes políticas. Hoje, a divisão em grupelhos pode ser explicada assim: 1. Leco; 2. o grupo de Júlio Cazares, de situação, mas tentando se descolar dos erros da gestão; 3. Roberto Natal, ex-situação, fazendo de conta que não tem nada com isso; 4. os xiitas. Carlos Belmonte está entre o presidente isolado e o grupo de Cazares. Mais perto do presidente. Sua possível indicação, em vez de agradar a alguma corrente, pode desagradar a todas.

A mais perfeita combinação talvez fosse Raí como diretor-executivo, com contrato renovado, junto com Lugano, com mais ingerência no vestiário, que conhece. A sugestão é de Ricardo Rocha que formou com os dois ídolos o tripé de dirigentes que levou o time ao título do primeiro turno de 2018 e, com fracasso no final da campanha, à Libertadores depois de três anos. Poderia ser outra indicação, outro diretor profissional.

A vitória do Flamengo, conduzido pelo vice-presidente Marcos Braz, parece a vitória da gestão dos conselheiros políticos de clube. Acontece que Braz tem gente competente e profissional por perto, como Paulo Pelaipe, seu braço direito.

Pelo segundo ano seguido, o São Paulo classifica-se para o torneio continental. Desta vez, para a fase de grupos. É pouco, mas é mais do que o São Paulo teve em 2017 e 2018.  Assim que terminou São Paulo 2 x 1 Internacional, Diego Lugano postou em suas redes sociais: "Fase de grupos da Libertadores. Chegamos. Nossa obrigação. Festejos contidos. Grupo de caráter. O São Paulo precisa de mais. E precisa de serenidade, paz e competência para ter mais."

Precisa de profissionalismo.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.